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Se à chegada as linhas modernas e minimalistas nos dão a sensação de que viajámos para outro lugar, assim que entramos no Austa (1 sol Guia Repsol), cada pormenor é um lembrete de que estamos no Algarve. Tanto no espaço como no conceito, o Austa inova e diferencia-se no panorama gastronómico da região: é café, restaurante, cozinha criativa e comunidade ligada à terra e à sustentabilidade.
Para ser tudo isto, de forma consistente e com qualidade, Emma e David Campus, os seus fundadores e anfitriões, tiveram de fazer bem o trabalho de casa: “Estivemos mais de três anos a desenhar o projeto. Queríamos estar ao máximo envolvidos na região. Estávamos muito conscientes, como estrangeiros, da necessidade de nos prepararmos da melhor forma para lançar um conceito honesto, que respeitasse as pessoas, a cultura e a gastronomia algarvia”.
O casal inglês escolheu o Algarve para viver há cinco anos, após ver interrompida uma viagem de sonho pelo mundo. Com os pais de Emma enraizados na região há mais de duas décadas, rumar a sul, na altura, foi o mais conveniente. Os primeiros anos como “locais” foram de exploração e descoberta de um outro Algarve. De forma discreta, encontravam-se em modo de pesquisa para o que viria a ser o Austa. Emma recorda as visitas a produtores, quintas e artesãos, que acabavam sempre em histórias longas à volta de uma mesa. Estas experiências autênticas e de uma enorme generosidade de quem recebia, ofereceu-lhes uma visão profunda da região, muito diferente da que tinham até então: “Toda a vida passei cá férias. Sempre foi um sítio familiar, mas numa perspetiva limitada e turística - calor, praia, resorts e golf. Foi um despertar inspirador para um lugar completamente novo”.
O que inicialmente foi desenhado para ser um café, rapidamente se tornou algo diferente, solidificando-se com a entrada do chef David Barata para o projeto: “Foi determinante conectarmo-nos com alguém na mesma página. A experiência do David, o seu conhecimento e entusiasmo pelos ingredientes, foram o catalisador para fecharmos o conceito”. Em boa hora, o chef David decidiu mudar de vida, após anos intensos em cozinhas como a do Eleven e do Feitoria, em Lisboa: “Foram muitos anos no mesmo ritmo, nem sabia ser possível viver de outra maneira. Percebi que já não era ali que queria estar e na lista de destinos estavam duas regiões: Algarve e Açores”. O Algarve ganhou. E o Austa também.
Da região, David Barata faz uso do mar para pescar, da serra para apanhar cogumelos e da liberdade para encontrar respostas num trabalho de campo diário. Essa familiaridade com a terra, sustenta a cozinha do Austa não só em produtos, como em cultura e educação: “Os ingredientes têm de ser os melhores em sabor e acrescentar algo à história que queremos contar. O critério não se prende ao facto de ser português, está, essencialmente, assente na qualidade e na sua sustentabilidade. Faz-nos mais sentido servir uma carne ou um vinho excelente de Espanha, a duas horas daqui, do que um produto do Minho, por exemplo, que demora umas seis horas a cá chegar”.
A criatividade do chef e da sua equipa de jovens cozinheiros, eleva a experiência com um menu sazonal, inspirado na gastronomia portuguesa, regional e nas relações estreitas com produtores do Algarve e da vizinha Espanha. Aberto todo o dia, o menu começa direto, casual, imprimindo um ritmo descontraído através de sandes, tostas e saladas: “Vemos o pequeno-almoço e o almoço como uma espécie de piquenique à mesa, mas onde uma sandes nunca é apenas uma sandes”, tal como Emma explica, a proposta é simples, mas os ingredientes são complexos em sabor e de qualidade superior: pão de massa-mãe da Essência Bakery, em Loulé, queijo de São Jorge, queijo azul da Arrábida, mel biológico, ovos das galinhas do chef, cogumelos selvagens da Serra de Monchique, batata-doce do Rogil, entre outros.
À medida que o dia avança, o ambiente torna-se mais intimista, mantendo-se informal e acolhedor. Na sala principal, desenhada em conjunto com o Studio Gameiro, todos os materiais são locais e naturais, com destaque para o banco geométrico de sal, construído com o desperdício das minas de Loulé. O seu design, inspirado nos azulejos de Santa Catarina, é uma homenagem à região. À mesa, poupamos-lhe o levantar do prato para descobrir a sua origem: todo o serviço é da autoria de Madalena Telo, uma ceramista que trabalha com argila natural da Serra de Monchique.
O menu acompanha a estética e o segredo, mais uma vez, está no produto, como os boletos de Monchique, apanhados pelo chef, ou o peixe-galo de Sagres, o Sarrajão de Olhão ou a carne de boi galego capado: “Na nossa cozinha nada está errado à partida. Tudo é possível com a matéria-prima tão rica e diversa que temos”.
A enriquecer o menu está a carta de bebidas. David Campus cresceu numa família de enófilos: “Conhecia melhor os clássicos, mas não fazia ideia do que era um vinho de pouca intervenção. Quando me mudei para cá, abriu-se um novo mundo, pelo qual me apaixonei profundamente. Gosto de servir aquilo em que acredito.” Além do vinho e da cerveja, a oferta de bebidas sem álcool é generosa e tentadora. Há chás da Companhia Portugueza do Chá, fermentados, sodas caseiras, sumos do dia, limonada de lavanda e cocktails: “É cada vez mais frequente as pessoas chegarem cá e pedirem um copo de água para acompanhar a refeição. Eu fico a pensar no quão aborrecido isso é. Temos tido a preocupação de estender a oferta e torná-la mais diversa”.
De terça a sábado, nestas mesas e fora delas - em visitas e eventos especiais junto de produtores e amigos, replicam-se os almoços e jantares que, lá atrás, inspiraram Emma e David Campus a criar o Austa. É nesse momento que reside a essência do projeto: uma constante descoberta, uma vontade de partilha, elevando o produto como ele é.
Na hora da despedida, sente-se uma brisa fresca no ar, que faz mexer as flores e folhas do jardim. Austa significa vento do sul em latim, mas representa agora, novidade, descoberta e novos caminhos no Algarve. Voltaremos para descobrir mais.
Austa. Rua Cristóvão Pires Norte, 8135-117, Almancil. Telefone: 965 896 278. Terça-feira a Sábado das 9h30 às 21h30
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