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Para chegar ao O Nosso Franguinho é preciso ter essa intenção. A sua localização, uma pequena casa à beira da estrada, nas Ferreiras, em Albufeira, não deixa margem para ser descoberto ao acaso. Além disso, as reservas chegam a ter lista de espera de oito dias no verão. É imperativo marcar mesa, saber de cor a morada e procurar o grande letreiro iluminado a anunciar “churrasqueira” seguido do nome do restaurante. À porta já se sente o cheiro vindo da cozinha. Está no caminho certo.
O restaurante é pequeno e acolhedor, com toalhas de papel, balcão comprido e vitrine de sobremesas à porta. As paredes estão forradas com rolhas, contando histórias de tantas garrafas de vinho bebidas nestas mesas. O ambiente é familiar, tornando-se ainda mais especial, quando se conhece a família Lança. Os pais, José e Fátima, e os filhos, Catarina e Flávio: “Sou o culpado. Trouxe quase toda a família por arrasto. No início era só eu e a minha mulher, agora já temos dois dos nossos filhos à frente do negócio”, começa por contar “Zé Lança”, como gosta de ser tratado, o fundador do restaurante.
Com gosto e simpatia, mãe e filha encarregam-se do atendimento e da gestão da sala, enquanto o filho orienta a cozinha, com a exigência e o rigor de um chef: “Nunca me imaginei a trabalhar aqui. Um dia o meu pai teve um problema de saúde e tive de entrar em ação. Abracei a missão com alguma dificuldade, mas sempre com vontade de aprender e fazer melhor”. O perfeccionismo está nos genes da família, que não abdica da qualidade do seu trabalho e da dedicação aos seus clientes.
Aqui serve-se apenas um prato, a especialidade da casa e nada mais, o que exige uma consistência na matéria-prima ao longo de todo o ano e, segundo José, esse é um dos maiores desafios: “Os tomates são complicados no Inverno. Às vezes passo na cozinha e vejo algum que não me agrada e colocamos de parte. É preciso um grande esforço de todos para oferecermos ao cliente exatamente aquilo que ele vem cá comer”. Ao fim de três décadas, a rede de fornecedores, amigos e parceiros é forte e segura - o frango é fornecido pela mesma família desde o primeiro dia e as batatas são frescas, de dois produtores de São Brás de Alportel, que conheceram nos anos 90. Já José, mesmo reformado, faz questão de continuar a apanhar os orégãos para a salada, perto da barragem de Santa Clara, e a secá-los em sua casa.
Flávio homenageia o legado do seu pai, todos os dias, com respeito e inovação, aperfeiçoando a técnica, os tempos e o detalhe. Uma tarefa simples como grelhar frango, é encarada como um trabalho científico, onde é necessária uma atenção extra a todos os processos. Começando pela forma como o frango é grelhado, às metades, cortadas com a mesma espessura para que grelhem de forma uniforme.
Como são frangos de pequena dimensão, quase todos do mesmo tamanho, é a gordura a determinar o tempo na grelha: “Pela cor conseguimos logo perceber como é que vai ser trabalhado”, explica o filho. Pormenores como o corte, refletem o cuidado e a originalidade: “Surgiu com naturalidade. Eu corto o frango como gosto de comê-lo. Este corte torna todas as partes do frango iguais, assemelhando-as às costelas, para mim a parte mais saborosa. A nível estético a apresentação fica mais organizada. Os olhos também comem”. Na hora de pincelar, o segredo fica na família. Em aproximadamente 30 minutos, o frango está crocante, macio e suculento. Apesar do molho ser mistério, sente-se o azeite, limão, sal e a malagueta a cada dentada, numa comunhão perfeita com a salada de tomate e as batatas fritas em palito.
Guarde apetite para conhecer as sobremesas caseiras, feitas pelo Flávio. Há clássicos como a mousse de chocolate, a tarte de natas e o doce da casa, mas também doces regionais como a delícia do Algarve, o Dom Rodrigo, o pudim de figo com medronho ou a mousse de alfarroba. Ao sábado, o arroz-doce. Ao domingo, as farófias, que muitas vezes não chegam sequer à vitrine, como conta Fátima: “No fim de semana ainda o Flávio não fez os doces e já temos pessoas a ligar para reservar a sobremesa”.
A família Lança conquista barrigas e aquece corações com as suas palavras amáveis e atenção genuína. Expandir e tornar o negócio maior não faz parte dos planos, pois, segundo Fátima e Flávio, o que mais lhes custa é ver as pessoas voltarem para casa sem comer: “Não fazemos publicidade por uma questão de gestão de expectativas. Estamos sempre cheios, não queremos ter de mandar pessoas embora. Sejam nossas conhecidas ou não. É importante darmos conta do recado, estarmos presentes, olhar as pessoas nos olhos e fazê-las sentirem-se parte da família”.
O Nosso Franguinho é dos Lança e de todos os que têm a sorte de o provar. A partir desse momento, vai querer voltar uma e outra vez para os braços desta família, que recebe e acarinha, enquanto serve um dos melhores frangos grelhados que por aí se faz.
O Nosso Franguinho. Estrada da Nora, Ferreiras, Albufeira. Terça-feira a domingo ao almoço, 12h30 às 15h e das 19h30 às 22h. Telefone: 289 572 303