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Conhecer o restaurante Lamelas em Porto Covo

Lamelas: um mergulho nos sabores da costa alentejana

30/04/2025

Texto: Clara Silva

Fotografia: Ana Brígida

Em Porto Covo, onde sempre passou férias, Ana Moura aprendeu a ler o mar e abriu o restaurante que o litoral do Alentejo precisava.

Foi depois de ler uma crónica de Miguel Esteves Cardoso, uma espécie de ode ao peixe cozido, promovido a “prato nacional” e o “equivalente marítimo do cozido à portuguesa”, que Ana Moura se inspirou para uma das novidades da carta do Lamelas (1 sol Guia Repsol): “Garoupa cozida com batata, ovo e pickles de cenoura”, conta a chef, recordando o texto que apela à salvação do peixe cozido, sobretudo em restaurantes. “Escolhi a garoupa porque é um peixe muito gordo, que dá muito sabor ao caldo”, explica. “É o mais tradicional possível.”

A varanda do Lamelas tem vista para o mar, para a pequena praia da Baía dos Pescadores, em Porto Covo.
A varanda do Lamelas tem vista para o mar, para a pequena praia da Baía dos Pescadores, em Porto Covo.

Na varanda do Lamelas, com vista para a Baía dos Pescadores, em Porto Covo, uma das primeiras paragens da Rota Vicentina, na costa alentejana, a Primavera dá finalmente um ar da sua graça depois de dias de tempestade. “Agora o mar está perfeito, amanhã estou à vontade”, anima-se a chef, que trabalha com produtores e pescadores locais. “A semana passada esteve horrível. Foi uma das coisas que aprendi aqui, a perceber o mar. Em Lisboa, alguém me dizia que não havia peixe porque o mar estava picado e eu não percebia. Agora, olho para o mar e já sei como vai ser o dia seguinte.”

A chef Ana Moura, de 40 anos, passou por restaurantes premiados como o Arzak, no País Basco, ou o Eleven, em Lisboa
A chef Ana Moura, de 40 anos, passou por restaurantes premiados como o Arzak, no País Basco, ou o Eleven, em Lisboa

Quando, em Maio de 2021, abria o Lamelas no espaço da antiga Taska do Xico, um popular restaurante de grelhados em Porto Covo, o peixe foi uma “escolha óbvia”. “Com esta vista e estando em Porto Covo, tinha toda a lógica”, continua. Para os moradores da vila piscatória que a conheciam desde criança depois de muitos Verões passados na casa do avô Lamelas, natural dali, a escolha não era assim tão óbvia. “Perguntavam-me: ‘Ana, não vais fazer uma coisa muito gourmet, pois não? E eu jurava que não.’”

À direita, a lula recheada com migas de grelos e paté de ovas de pescada, um prato leve e um dos mais recentes da carta
À direita, a lula recheada com migas de grelos e paté de ovas de pescada, um prato leve e um dos mais recentes da carta

A preocupação era válida. Ana Moura já tinha experiência em restaurantes de fine dining como o Eleven, em Lisboa, ou o Arzak, no País Basco, antes de passar pela Cave 23, também em Lisboa, ou pela Bacalhoaria Moderna, que encerrou com a pandemia. “Quando [as pessoas daqui] vêm cá, percebem que o que faço é uma cozinha bastante normal e acabam por voltar”, garante.

A técnica que ganhou em restaurantes de alta cozinha aliada à simplicidade das receitas alentejanas acaba por ser um dos grandes trunfos do restaurante de cozinha aberta, onde a chef pode finalmente ver quem está a servir. “É completamente diferente cozinharmos para alguém que vemos ou para alguém que imaginamos”, confessa. “Gosto muito dessa parte.”

A cozinha do Lamelas é aberta e assim a chef consegue ver quem está a servir. “Gosto muito dessa parte”, diz
A cozinha do Lamelas é aberta e assim a chef consegue ver quem está a servir. “Gosto muito dessa parte”, diz

Sem pretensões, com um ambiente familiar e mesas de madeira sem toalhas, o restaurante quer prestar uma homenagem à costa alentejana e fá-lo logo nas “entradinhas”, pequenos pratos para enganar a fome que, combinados, são quase uma refeição antes de um mergulho numa das praias das redondezas.

Os pratos podem mudar consoante a disponibilidade dos produtos, mas não variam muito: saladinha de polvo, choco de coentrada, paté de sapateira, almece com peixe curado, lulas fritas com maionese de algas, salada de gaspacho ou paté de fígados de abrótea, cada um a rondar os 7 euros.

As “entradinhas” do Lamelas, com petiscos como salada de polvo, choco de coentrada ou paté de fígados de abrótea
As “entradinhas” do Lamelas, com petiscos como salada de polvo, choco de coentrada ou paté de fígados de abrótea

Pode-se mesmo dizer que a abrótea tem sido uma das obsessões da chef desde que se mudou de Lisboa para Porto Covo. Na carta, surge novamente com amêijoas e em molho verde (21 euros), um prato “parecido com a sopa de cação” que tem sido um dos preferidos dos clientes. “É um peixe diferente, que as pessoas não conhecem e que existe muito nos Açores e nesta zona, há muito na lota de Sines. Também não conhecia antes de abrir o restaurante, mas tenho gostado de trabalhá-lo.”

A abrótea é uma das obsessões da chef e surge também na carta com amêijoas e em molho verde, a fazer lembrar uma sopa de cação
A abrótea é uma das obsessões da chef e surge também na carta com amêijoas e em molho verde, a fazer lembrar uma sopa de cação

Além da garoupa cozida, a novidade que é um piscar de olho a Miguel Esteves Cardoso, um dos pratos mais recentes é a lula recheada com migas de grelos e paté de ovas de pescada (29 euros), um prato “mais leve”, que lhe fez dar voltas à cabeça. “Não queria que fosse aquele prato pesado”, continua. “A cozinha do litoral alentejano é uma cozinha muito leve e nunca sabemos se as pessoas que aqui vêm almoçar vão para a praia a seguir.”

Com ou sem mergulho, vale a pena guardar-se para a grande especialidade, o arroz cremoso feito no momento com peixe do dia e camarão (35 euros), que se mantém na carta desde a abertura do restaurante. “Para mim o prato nacional é o arroz”, diz a chef. “Somos o maior consumidor de arroz da Europa e é impensável para um português não comer pelo menos uma vez por semana. Mesmo quando faço jantares vínicos ou a quatro mãos, tento sempre ter um prato de arroz.”

O arroz cremoso com peixe e camarão é imperdível e está na carta desde que o restaurante abriu, em Maio de 2021
O arroz cremoso com peixe e camarão é imperdível e está na carta desde que o restaurante abriu, em Maio de 2021

A selecção de vinhos de produtores locais (como a Herdade do Cebolal, o Monte da Carochinha, a Serenada ou os Vinhos Vicentino) é outra das suas preocupações do restaurante. “Tem de haver sempre uma ligação emocional ao que estamos a vender”, defende. “E são todos vinhos que ligam bem com os nossos sabores, são daqui de perto.”

Para sobremesa, e além de uma afamada tarte de queijo, há migas doces com nozes e medronho de mel (à direita)
Para sobremesa, e além de uma afamada tarte de queijo, há migas doces com nozes e medronho de mel (à direita)

Para a chef, que tem também os seus pais a trabalhar consigo, seria improvável abrir um espaço noutro lugar. “Tenho uma ligação e um carinho muito grande por Porto Covo e gosto muito de ver a terra crescer. Não em quantidade, mas que fique melhor.”

Lamelas. Rua Cândido da Silva, 55 A, 7520, Porto Covo. Telefone: 924 060 426 Quarta-feira a sexta-feira, das 12h30 às 14h30 e 19h30 às 21h30. Sábado até às 22h e Domingo até às 21h. Fecha segunda e terça.