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Aberto desde o final dos anos 80, o restaurante Pirâmide do Egipto

Conforto e familiaridade no Pirâmide do Egipto em Moreira de Cónegos

Se Moisés não vai ao Egipto, o Egipto vai ter a Moreira de Cónegos

11/07/2025

Texto: Filipa Vaz Teixeira

Fotografia: Luís Ferraz

Aberto desde o final dos anos 80, o restaurante Pirâmide do Egipto é uma referência do Vale do Ave. Elsa e Jorge são a alma do local que prima pela cozinha tradicional servida a preceito

O que é que o Egipto tem a ver com Moreira de Cónegos? Aparentemente nada, mas para a família de Elsa e de Jorge tem tudo. “O meu pai andava sempre com o cartão de cidadão para provar que o nome dele era mesmo Moisés do Egipto”, lembra Jorge, que, já em adulto, foi ao notário trocar o seu segundo nome de «Miguel» para «Egipto».

Hoje, com 33 anos, sente que finalmente está a honrar o legado do pai, que no final dos anos 80 abriu um café humilde e o transformou, com amor, trabalho e “humildade para aprender”, no afamado Pirâmide do Egipto (1 Sol Guia Repsol).

Elsa, 57 anos e mãe de Jorge, é quem nos conta a história. Começou a trabalhar aos 11 anos, numa fábrica de têxtil. “Éramos dois mil e tal pessoas na fábrica”, recorda de um tempo em que o Vale do Ave era dominado pelo têxtil e pelo calçado, indústria que empregou muitas famílias da região. Se a família era pobre, como a de Elsa, os filhos então também tinham de trabalhar.

Jorge com a mãe Elsa, à direita, e um retrato de Moisés, já falecido, à esquerda — a família responsável por trazer o Egipto a Moreira de Cónegos
Jorge com a mãe Elsa, à direita, e um retrato de Moisés, já falecido, à esquerda — a família responsável por trazer o Egipto a Moreira de Cónegos

Moisés teve percurso semelhante. “Eu era da confeção e ele era tecelão”. Conheceram-se, enamoraram-se e casaram-se com uma promessa: “Combinámos logo que tínhamos de ter um negócio que permitisse dar melhores condições aos nossos filhos”. O projeto de vida começou a ganhar forma com a aquisição do tal café, ao qual deram o nome de Café Egipto.

Dele, fizeram um snack-bar, embora Elsa, à altura, não soubesse cozinhar. “A minha introdução na cozinha foi difícil”. Moisés, porém, incentivou-a. “Só tens de cozer batatas e legumes. O resto é na grelha”, recorda. Aos poucos, foi tomando o gosto à cozinha e o snack-bar virou tasco de referência na zona.

“Vendíamos presunto pata negra e champanhe”, mas também arroz de marisco “que as pessoas adoravam”, cabrito e pica no chão feito com “um bom frango”, tal e qual a mãe fazia lá em casa.

De café passou a snack-bar e daí cresceu até se tornar um restaurante de referência
De café passou a snack-bar e daí cresceu até se tornar um restaurante de referência

Quando não sabia o que era alguma coisa, pedia ajuda. Foi assim com o lavagante e com o camarão tigre. “A minha madrinha era da Póvoa de Varzim. Ela também não sabia o que era isso, mas perguntou por lá, aos pescadores e às peixeiras.”

Elsa nunca os tinha provado na vida, nem nunca tinha arranjado um peixe ou matado uma lampreia. Os clientes também lhe davam dicas e, aos poucos, o seu cardápio foi engrossando. “Com humildade chegamos às coisas”.

Crescer sem perder a identidade

O Pirâmide do Egipto é o espelho da dedicação de Elsa e de Moisés, já falecido. É casa de boa comida, bom gosto e simpatia, edificada com solidez e ternura, bases às quais o filho Jorge acrescenta o seu profissionalismo e visão de futuro. “Desde miúdo que eu gostava de vir para aqui. O meu pai pedia-me para ajudar e eu ajudava”.

Aos 15 anos, sabendo que queria seguir a área da restauração, foi para a Escola de Hotelaria de Santa Maria da Feira, ingressando depois em Gestão Hoteleira, no Porto. Saiu de lá para o Algarve, onde estagiou com o chef Arnaldo Azevedo no Sheraton. Antes de regressar a Moreira de Cónegos, ainda passou por Tenerife.

Filetes de polvo com arroz de gambas
Filetes de polvo com arroz de gambas

“Não podemos fechar os olhos, temos de ver horizontes”, diz. Inovar, para Jorge, passa por dar mais comodidade aos clientes, com a extensão do restaurante para a antiga estação de comboios de Lordelo, adjacente às atuais instalações, e incluir alguns pratos contemporâneos no menu, como um risoto e mais opções vegetarianas. “O nosso reforço é sobre a qualidade”.

Isso não significa que o Pirâmide do Egipto perca a sua identidade, nem as guitarras penduradas na parede, prendas de aniversário de Elsa para Moisés, nem as especialidades que lhe dão fama. Cabrito assado no forno, rosbife com arroz de feijão e batata palha e filetes de polvo com arroz de gambas são dos comeres mais procurados, bem como o prato mais antigo da casa: frango assado com arroz de cabidela de miúdos.

Cabrito assado no forno, à esquerda, e a baba de rinoceronte, à direita, sobremesa que junta amendoim, caramelo, noz pecan e maltesers
Cabrito assado no forno, à esquerda, e a baba de rinoceronte, à direita, sobremesa que junta amendoim, caramelo, noz pecan e maltesers

Por encomenda, há leitão bísaro e caldeirada de cabrito e todos os dias há peixe fresco para fazer na grelha. Nas entradas, o crocante de frango com maionese de alho é um bestseller, mas seria uma pena não provar o carpaccio de polvo, os ovos rotos ou a açorda de gambas e ovas de peixe, que também é servida como prato principal a acompanhar uns excelsos filetes de corvina, panados com panko.

“Faço a açorda à minha maneira, que era assim que eu fazia para os meus filhos quando eram bebés”, diz Elsa, confessa apaixonada pelos sabores do Alentejo. Como é uma mulher do Norte, em vez de alho e azeite no estrugido, mete azeite e cebola. Já os coentros não podem faltar, porque comida alentejana que se preze tem que levar sempre coentros.

Rosbife com arroz de feijão e batata palha, à esquerda, e carpaccio de polvo à direita
Rosbife com arroz de feijão e batata palha, à esquerda, e carpaccio de polvo à direita

Para harmonizar todos estes pratos, há uma carta de vinhos com mais de 400 referências, estruturada por regiões portuguesas e do mundo. Nota-se um cuidado extremo na seleção de vinhos, não só pela qualidade que apresenta, como também pela abrangência de preços que não deixa nenhum bolso de fora. Para quem quiser trazer o seu vinho, espumante ou champanhe de casa, o restaurante cobra uma taxa de rolha de €15.

Por fim, nas sobremesas, a Baba de Rinoceronte é a estrela da casa. “Queríamos fazer um gelado Twix de sobremesa”, explica Jorge, que se juntou à consultora Obo Food Lab, do chef Bruno Alberto Ferreira, para a desenvolver. “Leva amendoim, caramelo, mousse de caramelo salgado com natas, noz pecan e maltesers”. Um pecado à colher, portanto.

A banoffee, um pouco mais ligeira, e a sericaia alentejana, com figos caseiros em calda, são outras duas especialidades que nos aconchegam na hora da despedida. Com o café pode ainda pedir uma “natinha”, pastel que Elsa traz do seu antigo Café Egipto. Para ela, cozinhar é uma forma de amar os outros. “Sou feliz assim”. Os clientes, com coração e boca delicada, também o serão.

Pirâmide do Egipto. Rua da Estação, Moreira de Cónegos, Guimarães. 918 101 504. 12h30-14h30 e 19h30-22h30. Fecha domingo e segunda-feira. Preço médio: €45