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É um restaurante clássico como poucos ainda o são. Toalhas imaculadamente brancas, mesas espaçosas de madeira maciça, uma sala luminosa de vidros amplos, serviço esmerado de laçarote, chapéu de chef comprido pousado na cabeça do cozinheiro e uma carta intemporal, onde a cozinha tradicional portuguesa se veste com técnicas e produtos da cozinha francesa e ibérica. Assim é o São Gião (1 Sol Guia Repsol), casa icónica fundada por Pedro Nunes em 1987, em Moreira de Cónegos.
“Aos 30 anos tinha a mania que queria ter um restaurante”, conta Pedro, atualmente com 70 anos, que se mudou para esta vila do concelho de Guimarães por causa de um anúncio de jornal. À época, só havia fábricas na região. O têxtil e o calçado dominavam o Vale do Ave, ponto de encontro entre fornecedores e empresários de todo o mundo.
Faltava ali um restaurante que os juntasse à mesa, que não fosse nem uma taberna regional nem uma casa puramente tradicional. Foi então que, ao ver o tal anúncio no jornal, publicitando a venda de um espaço de restauração no lugar de São Gião, Pedro Nunes agarrou a oportunidade.
“Tinha tudo para dar errado”, brinca este chef autodidata, que sempre olhou para a gastronomia com curiosidade. “O gosto já vem desde miúdo. Havia uma ótima cozinheira lá em casa”, lembra. Quando ia jantar fora, como aquela vez nos anos 70 em que foi com o pai ao recém-inaugurado Hotel Dom Henrique, no Porto, e provou paté de lampreia feito pelo chef Silva, apontava mentalmente os sabores que mais o impressionavam para depois os tentar recriar à sua maneira.
Por isso, a cozinha de Pedro Nunes é essencialmente uma cozinha de gosto, com muito estudo a sustentá-la e também “muitas asneiras”, inevitáveis no percurso de alguém que é meticuloso e desassossegado. É uma cozinha, como o próprio diz, “diferente da do habitual” e que faz do São Gião um restaurante especial.
Nestas quase quatro décadas de história, a trabalhar sempre num fogão a lenha, que é aceso todos os dias às 8h45 em ponto, já desfilaram pelo menu do São Gião mais de 100 pratos criados por Pedro Nunes. “Temos pena de tirar pratos da lista, mas há sempre algo que muda quase todos os dias”, diz desta feita João Nunes, filho que assumiu a gestão do restaurante em 2020, durante a pandemia.
Alguns clássicos, como as Tripas à Moda de São Gião, raramente arredam pé, nem mesmo nos meses de verão. “Temos clientes que nos dizem que são um belíssimo almoço de piscina”, ri-se Pedro, bon vivant por natureza. Por seu lado, a salada de pescada e gambas, prato fresco para os dias de calor, também se mantém em carta praticamente todo o ano. A clientela é-lhe fiel e a cozinha faz-lhe o gosto.
Para a despedida, peça uma canilha recheada com leite creme, a dose certa para acompanhar o café. Claro que virar a cara a um Pudim Abade Priscos, a um Strudel de Maçã com gelado de baunilha ou a uns profiteroles com chocolate negro é quase um crime, ainda para mais tendo o São Gião lançado recentemente uma carta de vinhos licorosos a copo para harmonizar as sobremesas.
Para a despedida, peça uma canilha recheada com leite creme, a dose certa para acompanhar o café. Claro que virar a cara a um Pudim Abade Priscos, a um Strudel de Maçã com gelado de baunilha ou a uns profiteroles com chocolate negro é quase um crime, ainda para mais tendo o São Gião lançado recentemente uma carta de vinhos licorosos a copo para harmonizar as sobremesas.
Já o foie gras, que antigamente Pedro Nunes só conseguia encomendar à Delicatesse, única empresa em Portugal a trabalhar comidas finas, vai mudando de vestimenta consoante a cara que Pedro lhe queira dar. Na carta atual, é interpretado numa terrine, usada para rechear figos cozinhados numa calda de Vinho do Porto. A entrada é servida com pão de figos e frutos secos, grelhado com um fio de azeite e flor de sal, e uvas salteadas num Porto 10 anos.
Só nas entradas há praticamente duas dezenas de opções para o cliente se perder. Tanto podemos encontrar puntinilhas com alioli, uma chistorra ao alho ou ovos escangalhados, a piscar o olho à cozinha espanhola, como uns delicados lombos de sardinha marinados com vinagre de sidra, pousadas num creme de tomate coração de boi, um salmão fumado na cozinha do restaurante ou uns rins de cabrito grelhados, apreciados por ibéricos e também por gauleses.
Nos pratos principais, por tradição há cabrito e vitela assados no forno ao domingo e um prato de bacalhau todos os dias. Mas também podemos encontrar uns raviolis caseiros de boletos com rabo de boi e trufa negra, que já se tornaram referência da casa, um colarinho de pescada à São Gião acompanhado de legumes e batatas cozidas, ou uma perdiz estufada em vinho.
A perdiz chega à mesa com batatinhas fritas, muito bem torneadas e finalizadas no forno, e com tostas, tudo o que precisamos para nos deliciarmos com o molho e os cogumelos selvagens que a acompanham.
Na época da lampreia, é muito provável que a encontremos no São Gião, seja à bordalesa ou a rechear um bun de massa de manteiga que se assemelha a um croissant. “Sentimos necessidade de fazer coisas inovadoras”, diz João, ao que o pai recorda a receita de pezinhos de porco desossados recheados com cabrito desfiado, que provara certa vez em Madrid e que lhe dera ideias para trabalhar com dignidade as sobras de cabrito. “Não quero vender coisas requentadas”, declara. Aqui, seja qual for o processo de transformação, a classe de um prato tem de vir ao de cima.
Para a despedida, peça uma canilha recheada com leite creme, a dose certa para acompanhar o café. Claro que virar a cara a um Pudim Abade Priscos, a um Strudel de Maçã com gelado de baunilha ou a uns profiteroles com chocolate negro é quase um crime, ainda para mais tendo o São Gião lançado recentemente uma carta de vinhos licorosos a copo para harmonizar as sobremesas.
Mas não se apoquente se não tiver estômago para tanto. Ir ao São Gião não é prazer de uma visita só. Pedro e João Nunes terão muito gosto de o voltar a receber.
São Gião. Av. Comendador Joaquim Almeida Freitas, 56, Moreira de Cónegos, Guimarães. 12h30-15h e 19h30-22h30. Fecha segunda e domingo ao jantar. 253 561 853. Preço médio: €50
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