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Acontece tudo na Casa do Campino. Paga um bilhete à entrada (2,50€) e depois a despesa fica ao critério do visitante. Terá bancas para compras de artesanato, doçaria e outras maravilhas nacionais. Vai encontrar divulgação turística, atividades várias que o site oficial do evento lhe revela em forma de programa. Mas vai, sobretudo, cruzar-se com as mesas dispostas em volta dos restaurantes que participam no festival.
A ideia é provar diferentes zonas do país, não para escolher a sua favorita, mas para descobrir que nunca o vai conseguir fazer. Da oferta festivaleira, sugerimos-lhe seis cozinhas de outras tantas geografias. Um mini-atlas de alto sabor.
O batismo original deste estabelecimento inclui um “Casa de Pasto” antes do nome próprio. E é uma informação importante porque é daqueles dados que nos explica de imediato ao que vamos, sem nunca lá termos entrado.
Se é casa de pasto, é para valentes, é comida de trabalho e que dá trabalho, que implica esforço prévio no preservar da tradição que o mantém ativo e na digestão que as iguarias na mesa exigem a quem às ditas se atira. Se tem marisco e tem peixe? Naturalmente.
Mas este José do Rego vem da Ilha de São Miguel, vem dos Açores das cracas e do cavaco, que para os leigos continentais são familiares dos percebes ou das lagostas, mas totalmente diferentes. Acresce, por exemplo, um bife da pedra, que a carne açoriana é como nenhuma outra. Aguente forte.
Nem sequer precisa fazer plano. Atente bem nesta dica que aqui vamos deixar: na Madeira, seja madeirense. E não faça conversa fiada. Comece pelo bolo do caco e pelo milho frito e quando acabarem, peça mais, que a dupla serve tanto de entrada como de acompanhamento ou até prato principal não duvide.
Depois vá pelas lapas, que elas nunca são a mesma coisa quando não tem sotaque da ilha. Não tema o polvo de escabeche, que este último foi inventado para nos rendermos aos exageros de tempero que a fórmula encerra.
E abrace a existência de uma espetada, como ela deve ser (bem) feita. Depois, para não ser alvo de troça infundada, peça um abacaxi para sobremesa, que vai ver que o açúcar derrete.
Não é bem um restaurante, porque na verdade é uma loja, é uma fábrica — ou é as duas coisas ao mesmo tempo. Digamos de outra forma: é uma embaixada. A grande bandeira desta casa familiar é a carne arouquesa, uma espécie de bovino que resulta do cruzamento de várias outras e que é típico daquela região do país, entalado — e bem — entre a Bairrada e o grande Porto, a meio caminho entre a costa e a serra.
Mas o grande tesouro é quando os próprios, os responsáveis por esta maravilha, põem mãos à obra na cozinha e tiram do forno a vitela mais tenra e saborosa que já lhe foi dada a provar, acompanhada das necessárias batatas que fazem regra. Não vai conseguir deixar Santarém sem uma memória para a vida e sem se perguntar: quando é que posso provar desta maravilha outra vez?
Recuemos antes de avançarmos: entre muitas outras coisas, o que fez D. Sancho I, segundo rei de Portugal, para figurar no arranque deste parágrafo, destinado a aclamar os prazeres da carne (literalmente)? Atribuiu carta de foral a Bragança, permitindo que a localidade conquistasse privilégios e se transformasse em cidade, atribuindo ao dito monarca honrarias toponímicas.
E é na rua D. Sancho I que fica O Académico, um dos melhores palcos para se perder de amores pela carne mirandesa e sua digníssima e elevadíssima representante: a posta, ilustre, magnânima e insuperável. Se lhe parece que quem escreveu este texto já se atirava a um naco da preciosidade transmontana, é porque é totalmente verdade. Tal como é verídica a vontade de quem lê quando der de caras e de paladares com a riqueza de que aqui se escreve.
Não vai ter de o fazer, porque estamos cá para o esclarecer, mas se por acaso fosse necessário, se tivesse de pesquisar sobre a gastronomia da Beira Baixa, uma das muitas palavras que iria encontrar seria, sem qualquer dúvida, o vocábulo “robusta”. Não admira e não engana.
O cabrito que se torna lenda, que vai prosseguir nas histórias que um dia contará à descendência sobre esta sua relação com Idanha-a-Nova; os maranhos, cheios de carne, de arroz e da hortelã que os torna inconfundíveis, um daqueles passos de mágica culinária que conseguiria adivinhar sobretudo de olhos fechados.
O porco, venerado, aproveitado até ao último corte, até ao derradeiro encantamento de paladar. E, levantada a mesa, as papas, as tijeladas, as filhoses que podiam bem ser servidas o ano inteiro, porque o Natal é quando todos nós quisermos e esta massa não precisa de feriado, só de carinho.
O restaurante Aleluia fecha à segunda-feira. O que faz sentido por duas razões: primeiro, porque dado o nome, é natural que celebre a vida de uma forma abrangente ao domingo e que, portanto, precise da segunda-feira para recuperar a tempo da terça.
Além disso, toda a gente sabe — ou deveria saber — que a segunda-feira não é grande coisa ao nível de ser dia para comer peixe. Ora se a graça deste Aleluia se apresenta a partir da Nazaré, convenhamos que é mais do que natural que seja no mar que encontra a matéria para fazer cumprir o menu que apresenta.
E não podia haver nada mais simples: os tachos com arroz ou com caldeirada, mais as grelhas com o peixe que a faina trouxer a cada manhã. Depois é a magia de quem tem os tempos, as temperaturas e os temperos certos nas falanges como tiques conquistados há décadas. Sorte a nossa, agradeçamos.
44.º Festival Nacional de Gastronomia. Casa do Campino, Santarém. De 16 a 26 de outubro, das 12h00 à 01h do dia seguinte.
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