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Junho é mês de santos populares, que é o mesmo que dizer “a cidade fica cheia de gente, cheia de comida e bebida, de fumo, grelhas e manjericos e muita confusão”. Se é fã mas tem as suas condições, siga a nossa lista de propostas. Se não gosta e só pensa em alternativas à festa dos outros, também temos dicas para si, para que a refeição não lhe caia mal.
É como entrar num mundo de fantasia, envolvido por um bruma que tudo invade, onde o que acontece e o que existe se revela unido por um aroma que a todos conquista. Se parece poesia, é porque de facto é uma espécie particular de lirismo.
Experimentai fazer um percurso tão banal quanto especial, dependendo da época do ano e da celebração que toma conta das vontades nocturnas. Aqui falamos de bairrismo clássico, de odes ao Santo António que se fazem sobre a grelha. No arraial da Misericórdia, agradeça aos deuses que erigiram o miradouro de São Pedro de Alcântara, meta um pé no baile e escorregue até à Bica.
Não tenha receio de ser uma só entidade com a multidão. Não há outra forma de existir nesta atmosfera em que a sardinha dita as leis e os donos do carvão são os nossos maestros. Daí até Santa Catarina é apenas o curso natural da existência nestas noites. Em chegando a casa, um dia, à hora que tal milagre aconteça, lave tudo e alimente-se de memórias até às próximas marchas.
Arraial de Santa Catarina: Calçada do Combro, 82 A; de quinta a domingo, vésperas de feriados e feriados
Arraiais da Bica: por toda a Bica, por todas as ruas, ao longo de todo o mês
Arraial da Misericórdia: Miradouro de São Pedro de Alcântara; até 29 de junho
Se alguém lhe disser que não é possível, não acredite. Nunca se deixe levar por gente de pouca fé, jamais caia no engodo daqueles que fazem juras e se anunciam absolutistas do conhecimento. É possível viver os Santos Populares com uma certa seletividade, com algum afastamento face à confusão orgânica que toma conta das ruas de Lisboa nestes dias, servido por alguns dos melhores chefs da gastronomia nacional.
É possível ter lugar sentado e colocar a sardinha sobre o pão, enquanto os artistas ocupam os lugares devidos num palco que parece coisa de festival. É possível pagar entrada num arraial, como quem compra ingresso para um espectáculo, observando assim uma fronteira física entre o mundo real e aquele Santo António que lhe custou na carteira só para entrar. É possível até fazer parte de um Santo António com unicórnios, empreendedores, start ups que podem ou não durar mais do que um manjerico.
Em todos os casos, as grandes diferenças: mais espaço, mais produção, mais ordem entre a comida e a bebida, mais orçamento e, claro está, mais preço para o consumidor. Mas faz parte, nada de queixumes.
Arraial dos Unicórnios: Beato Innovation District; a 6 de junho
Doca da Marinha: Doca da Marinha; de 6 a 9 de junho
Residência com João Rodrigues: Restaurante Fogo, 14 de Junho; Largo do Campo Santo, 15 de junho
É compreensível que os pais, cautelosos pais, tenham todos os cuidados possíveis na hora de decidir levar os pequenos para um movida populosa, por vezes frenética e potencialmente tardia como um arraial em tempos de Santo António, numa Lisboa ansiosa por festas e seus derivados.
E ainda que saibamos, por conclusões científicas e empíricas, que os garotos se habituam a tudo e gostam de festas como quem aprecia gelados, percebe-se a atenção e agradece-se quando se descobre um outro bailarico que parece feito para cruzar gerações sem confusão de maior. Neste campeonato, um dos mais afamados é o arraial de Carnide, afastado das grandes confusões, no centro de um pequeno bairro castiço, num largo quase sem trânsito, coreto e farturas incluídas.
O mesmo se passa no Paço do Lumiar, numa festa promovida pelos vizinhos e amigos do mesmo, feito com romantismo bairrista que merece toda a atenção. Ou o arraial dos Navegantes, cujo nome vem de outro século, regressou há pouco tempo, agora no Parque das Nações — e um arraial com uns 2000 lugares sentados está mais próximo das vontades daqueles que levam os petizes para a festa.
Arraial de Carnide: Largo do Coreto; até 28 de junho
Arraial dos Navegantes: Passeio do Levante, Parque das Nações; de 6 a 8 de junho
Arraial do Paço do Lumiar: Largo do Paço; de 7 a 21 de junho
É bom saber que os tempos de olhares críticos sobre quem se chega à frente e diz “nem pensar que me vou meter numa festa onde servem bifanas e entremeada e chouriço e sardinhas”.
Estamos em 2025, não temos tempo para esse tipo de desdéns. Além disso, há propostas de enorme valor no universo vegetariano (que é mais vasto do que aquilo que a nossa imaginação alcança).
Assim sendo, ficam sugestões: o arraial dos Combatentes aposta nas opções vegetarianas, ao mesmo tempo que deixa todos os outros felizes, incluindo os que se perdem por uma dose de algodão doce; na freguesia de São Vicente, toda a Graça é um gigante arraial, entre praças, ruelas e miradouros e pelos caminhos do bairro estão reservados pontos de abastecimento para todos os gostos — incluindo os vegetarianos; na véspera de Santo António, o arraial da Green Beans diz ao que vem logo pelo nome (quem for enganado é porque não prestou atenção).
Grupo Dramático e Escolar Os Combatentes: Rua do Possolo 5-9, 1350-046; sextas e sábados e 12 e 18 de junho
Green Beans Café e Mercearia: Rua do Poço dos Negros, 15; 12 de junho, das 19h às 22h
Arraiais de São Vicente: Largo da Graça e Jardim Augusto Gil; de 5 a 12 de junho
Há quem goste e há quem não goste. Isto aplica-se a tudo na vida, do peixe cozido aos arraiais de Santo António. Portanto, toleremos todas as decisões porque todas juntas criam uma espécie de equilíbrio cósmico — se toda a gente fosse a arraiais, não haveria espaço para bailar, certo? Portanto, se está na zona de Lisboa e quer fugir à confusão do Santo António, opte por localidades próximas onde o santo é outro.
Em Almada, onde o São João é rei, pode ficar a ver Lisboa ao longe enquanto solta aquele sorriso malandro de quem pensa “metam-se praí no caos”, ao mesmo tempo que saboreia um peixe-espada na esplanada da Casa Marítima; em Colares, território dominado por São Pedro, goze bem a Musa da Praia, com a cozinha que quase sempre surpreende quem a visita e um espaço raro neste tipo de casas (deixe os miúdos correr e peça uma Red Zeppelin, não se vai arrepender); em Cascais, seja mais seleto sem qualquer tipo de vergonha e agradeça a todos os santinhos do Japão à mesa do Izakaia.
Antiga Casa Marítima: Rua Cândidos dos Reis 1, 2825 Trafaria; Telefone: 212 950 889
Musa da Praia: Antiga Colónia de Férias da CP, Avenida do Atlântico S/N, 2705-288 Colares; Telefone: 924 236 447
Izakaia: Rua do Poço Novo 180, 2750-079 Cascais; Telefone: 214 045 106
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