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Quantos lisboetas pensam no Chiado sempre que o tema é jantar fora? Menos ainda se a palavra chave da refeição for “conforto”. Chegar ao Chiado nem é o pior — a não ser que, no metro, todas as escadas rolantes que vão para o céu estejam paradas.
Os grandes problemas são: as multidões paradas para fotografias, a música amplificada que não escolhemos ouvir, a calçada mais polida e escorregadia da cidade e, no final dos 30 quilómetros barreiras, encontrar um sítio onde se coma bem a tal comida de conforto.
A meta desta prova olímpica está agora facilitada: Pedro Pena Bastos abriu o Broto, no Largo Rafael Bordalo Pinheiro. Depois de mais de dez anos no fine dining, o chef que cresceu entre o Porto e o Ribatejo apresenta agora uma cozinha familiar, portuguesa sem ser tradicional, da memória sem ser antiga.
Não vale a pena ir à procura da reinterpretação do bacalhau à brás ou da feijoada desconstruída. Pedro Pena Bastos quer fazer uma cozinha de conforto e para toda a família, mas recusa as fórmulas que transformam os pratos da cozinha tradicional em exercícios técnicos e estéticos.
A sua definição de cozinha portuguesa no Broto vem do produto nacional de qualidade, dos aromas quintessenciais e de umas quantas memórias. “Dá para ser português e ter a contemporaneidade de um chef de fine dining e de uma equipa que já viajou”, garante.
No Broto vai-se esboçando uma ideia de comida portuguesa. “Um gelado de pinheiro e iogurte torrado, é português?”, pergunta retórica do chef que antecipa a estranheza. “Para mim, é.”
Isto não invalida a simplicidade dos croquetes de leitão (com mostarda de mel fumada — Savora, desvenda o chef) ou das pataniscas (de lula com pickle de couve e papada de porco), é certo, mas abre espaço a umas quantas surpresas que lembram que Pedro Pena Bastos fez-se cozinheiro nas altas cozinhas.
Há uma batata mil-folhas servida num prato de porco e berbigão, lula com manteiga de algas e com caviar, o peixe azul do dia, guloso, com a pele apenas ligeiramente corada e um molho cítrico e seis cocktails de autor que levam para o copo o destaque a um produto fresco.
Resumindo: técnica, um ou outro produto de luxo e combinações que seriam inusitadas à mesa de um domingo em família cruzam-se com pratos como a “molhenga” da mãe de Pedro Pena Bastos, um molho de tomate com ovo frito e paiola de porco.
“Não vou deixar o lado técnico, mas aqui a apresentação dos pratos não será de obra de arte, como se faz no fine dining. A ideia é não ter as coisas muito programadas: ainda hoje, a Quinta da Abelheira [produtor biológico de Mafra] nos entregou dez quilos das melhores maçãs que comi este ano. Quero ter a liberdade de com isso fazer já uma sobremesa para amanhã”, exemplifica.
O Broto é a criatividade de alta cozinha aplicada à comida de conforto. Para Pedro Pena Bastos, é um regresso que o impulsiona para a frente: está de volta à cozinha “pura e dura”, às memórias da mãe e da avó a cozinhar almoços de família no meio do campo, no Ribatejo, para saltar, no futuro, para o próximo projeto — daí a ideia do “broto”, o estado de crescimento entre a semente e a planta.
Neste restaurante, o chef quer ter uma “incubadora de equipas, de projetos, do que quero fazer”. Pode seguir-se um restaurante ainda mais acessível, de frequência diária, ou um projeto muito exclusivo.
No ano passado, não saiu do Cura (restaurante do hotel Ritz em Lisboa, com 2 Sóis Guia Repsol 2025) porque se chateou com o fine dining, nada disso. O seu plano é vir a ter um projeto de alta cozinha seu, pequeno e exclusivo em que seja proprietário. O primeiro passo para esse objetivo foi criar um restaurante sem formalidades, mais acessível.
“O desejo de ter uma alternativa mais aberta a toda a gente, com preços mais acessíveis” era antigo. “Os chefs de alta cozinha não sabem só fazer aquilo”, garante — e tem uma carta para prová-lo.
Broto. Largo Rafael Bordalo Pinheiro 20A, Lisboa. Todos os dias, das 12h00 às 15h e das 18h30 às 23h. Telefone: 960 138 104
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