¿Cuáles son las webs y apps de Repsol?

Si tienes una cuenta en cualquiera de ellas, tienes una cuenta única de Repsol. Así, podrás acceder a todas con el mismo correo electrónico y contraseña.

Waylet, App de pagos

Repsol Vivit y Ýrea Cliente de Luz y Gas

Pide tu Bombona y Pide tu Gasoleo

Box Repsol

Guía Repsol

Repsol.es y Tienda Online

Ýrea profesional Mi Solred

Partilhar

Howard’s Folly é uma adega alentejana fora da caixa

Adegas e Winebars no Alentejo

Howard’s Folly é uma adega alentejana fora da caixa

Atualizada: 28/11/2025

Texto: Clara Silva

Fotografia: Ana Brígida

Arte, vinhos, gastronomia e padel juntam-se em Estremoz no projeto criativo do colecionador Howard Bilton com o enólogo David Baverstock. 

Uma coleção de carros em miniatura dos filmes de James Bond, mais de quarenta porcos em tamanho real pintados por artistas e por crianças, um urinol de Joana Vasconcelos ou um busto que, na verdade, é feito de milhares de folhas de papel, obra do artista chinês Li Hongbo. Uma visita à Howard’s Folly é uma caixa de surpresas com distrações em todos os cantos.

David Baverstock, enólogo (esq.), e Howard Bilton, empresário, são os responsáveis por estes vinhos alentejanos
David Baverstock, enólogo (esq.), e Howard Bilton, empresário, são os responsáveis por estes vinhos alentejanos

Aliás, à entrada da adega, há mesmo uma caixa a surpreender quem passa: uma instalação da dupla eslovena Nina Oblak e Primoz Novak, “The Box”, de 2005, com um vídeo onde os dois artistas tentam escapar de uma caixa com murros nas paredes – e cada golpe é visível na caixa. É a entrada neste universo que inclui adega, restaurante, galeria de arte e, mais recentemente, também campo de padel.

Howard Bilton investiu num campo de padel com muita arte
Com arte por toda a parte, a Howard’s Folly diz-se uma “adega urbana”

A Howard’s Folly, loucura do empresário e colecionador de arte britânico Howard Bilton, sai totalmente fora da caixa das tradicionais adegas alentejanas. Apresentada como a “única adega urbana de Estremoz” por Susana Corda, engenheira ambiental que coordena o projeto, a Howard’s Folly instalou-se em 2018 num dos mais emblemáticos edifícios da cidade: o antigo grémio de que mantém a fachada.

“Uma das preocupações do Howard foi precisamente essa, manter a fachada como ela é, o que tem sido um desafio”, confessa Susana no início da visita. “Apesar de ser um edifício imponente é também um edifício muito fechado.”

Um obcecado por arte

À entrada, um vaso do artista Ai Weiwei quase passaria despercebido. De fora, não se imagina que a adega guarda algumas das 650 obras da coleção de arte contemporânea privada de Howard Bilton, a viver em Hong Kong há várias décadas. “Comprei a primeira peça em 1998, quando tinha 30 anos”, conta o próprio Howard, que vem a Portugal com frequência. “É do [pintor escocês] Craigie Aitchison, está no meu apartamento de Londres. Na altura, a minha filha era pequena e as pessoas perguntavam-me se tinha sido ela a fazê-la”, ri-se o empresário.

Com arte por toda a parte, a Howard’s Folly diz-se uma “adega urbana”
O The Folly é o restaurante desta adega e galeria de arte contemporânea

Numa das paredes do restaurante da Howard’s Folly, o The Folly, a funcionar desde 2020, pouco antes do início da pandemia, está outra peça de Craigie Aitchison: uma cena de crucificação em tapeçaria, um dos principais temas das obras do escocês (uma das mais conhecidas está na catedral de Liverpool). “Não sou uma pessoa religiosa”, esclarece Howard, apesar de acrescentar que pertence à “Church of the Flying Spaghetti Monster”. “Acreditamos que há uma relação entre o aquecimento global e o número de piratas”, brinca.

O The Folly é o restaurante desta adega e galeria de arte contemporânea
David Baverstock conta 50 anos a fazer vinhos no Alentejo

Obcecado por arte, o empresário criou há mais de 20 anos em Hong Kong a Sovereign Art Foundation, uma associação sem fins lucrativos para apoiar crianças desfavorecidas através da arte e da arte-terapia. Com a expansão do negócio para Portugal, a associação também está ativa em Estremoz com projetos com “duas turmas” de crianças locais e uma “oficina de arte uma vez por mês aberta a todos”, explica Susana Corda.

Promove também várias iniciativas artísticas para angariar fundos, como a Pig Parade, um evento que começou em Hong Kong e que se estendeu a Estremoz, com porcos desenhados e pintados por artistas e crianças que depois são vendidos.

A adega tem ainda uma galeria de arte gratuita e aberta a todos, mas que privilegia o trabalho de artistas locais ou que têm relação com Estremoz, como a inglesa Madeleine Calloway Vietmeier, com família a viver na cidade alentejana há vários anos. Está em exposição até dezembro,

No princípio eram os vinhos da Serra de São Mamede

Antes da adega, da galeria e do restaurante, esteve o vinho. Howard Bilton e o seu parceiro da Howard’s Folly, o enólogo australiano David Baverstock, começaram a produzir vinho juntos em 2002. O enólogo é o grande trunfo do projeto, acredita Howard. “Se for a um restaurante dizer que vendo vinho e perguntar se querem experimentar, dizem-me que não”, começa. “Mas se disser que é um vinho feito por David Baverstock estão interessados.”

Baverstock, que trabalhou ao longo de três décadas na Herdade do Esporão, chegou a Portugal no final dos anos 1970 para passar férias. Conheceu a sua agora mulher e acabou, mais tarde, por se mudar para o Alentejo, onde soma mais de 50 anos de experiência em enologia.

David Baverstock conta 50 anos a fazer vinhos no Alentejo
David Baverstock conta 50 anos a fazer vinhos no Alentejo

Desde o início que os vinhos da Howard’s Folly, cerca de 70 mil garrafas por ano, são produzidos com uvas da encosta da Serra de São Mamede, em Portalegre, de vinhas que estão a “cerca de 600 metros de altitude”, explica David.

Sete hectares de vinhas próprias (para tinto) e outras uvas compradas a pequenos produtores da zona. A localização geográfica da serra, com temperaturas mais baixas no Verão em comparação com o resto do Alentejo, é uma boa maneira de contornar o “aquecimento global”, diz o enólogo, e dá o perfil certo aos vinhos: “mais acidez e frescura”, sublinha.

O gratinado de batata é um dos acompanhamentos mais gulosos do restaurante
O gratinado de batata é um dos acompanhamentos mais gulosos do restaurante

Oitenta por cento dos vinhos da casa são tintos e vinte por cento são brancos, com uma produção especial fora do Alentejo — de Alvarinho (de Melgaço) e de vinho de Carcavelos. Da gama Sonhador, com rótulos feitos por crianças, até aos Reserva e Cristina, assim chamado em homenagem a Cristina Francisquinho, a “guardiã” das vinhas de Portalegre, David apresenta nesta adega os vários perfis de vinhos da Howard’s Folly.

A degustação pode ser feita no bar da adega ou no restaurante, o The Folly, com harmonizações a partir de 30 euros por pessoa e um menu de degustação de cinco momentos (50 euros, também com opção vegetariana ao mesmo preço).

Alla Janini, chef do The Folly, serve as suas puntillitas com aioli nero
Alla Janini, chef do The Folly, serve as suas puntillitas com aioli nero

O brasileiro Allan Janini, de 33 anos, antes à frente da cozinha do Land of Alandroal, é o chef residente, a preparar pratos versáteis para acompanhar os diferentes vinhos como os tacos de borrego merino (14 euros), os patacones de ceviche de atum (5 euros a unidade), a salada de beringela com poejo (14 euros), a galinha de campo com vinho tinto Sonhador (25 euros) ou o porco alentejano com puré de castanha da Serra de São Mamede (32 euros). No final da refeição, Artur Simões, o sommelier, convida os clientes a conhecerem toda esta loucura de que falámos e outras que se escondem na adega.

Howard’s Folly. Rua General Norton de Matos, 13, Estremoz. Restaurante The Folly a funcionar à quarta-feira, 19h30-22h30; quinta-feira, 12h30-15h e 19h30-22h30; sexta-feira 12h30-15h e 19h30-2h; sábado, 12h30-1h; domingo, 12h30-15h e 19h30-22h30. Encerra à segunda e terça-feira. Reservas: 268 332 151