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Um tsunami. Quando, em 2022, Louise Bourrat ganhou a versão francesa do concurso Top Chef – a primeira mulher em dez anos a fazê-lo –, um “tsunami gigante” invadiu o seu restaurante Boubou’s (1 Sol Guia Repsol), no Príncipe Real, bem longe de França.
“Estava cheio com três meses de antecedência, era muito difícil conseguir reserva”, conta a chef luso-francesa de 30 anos, que tatuou “Treize”, o número da temporada do concurso, numa mão. “Todos os dias havia 40 pessoas na lista de espera, de França, da Suíça, do Canadá,... Estivemos perto de perder tudo e um ano e meio depois tivemos este tsunami. A vida está bem feita.”
Durante a pandemia, o restaurante aberto em 2018 pelo seu irmão, Alexis, e pela cunhada, Agnès, transformou-se num take-away de sanduíches à janela para conseguir sobreviver até voltar a receber clientes.
Menos de dois anos depois, e com a crescente popularidade da chef de postura irreverente e visual mais punk, o cenário mudou e as reservas não pararam de chegar.
A “loucura”, como lhe chama, só acalmou o ano passado. Mesmo assim, as mesas do Boubou’s continuam concorridas desde as 19.00, altura em que as portas se abrem para jantares, até porque o sucesso está longe de ser passageiro.
Louise Bourrat chegou ao restaurante no final de 2018 para “dar uma pequena ajuda” ao irmão e nunca mais se foi embora. “Não era para ficar, mas gostei do projecto, gostei de Lisboa, aconteceu o Covid[-19], houve muitas coisas que influenciaram [a decisão]”, conta.
Hoje, além do Boubou’s, gere um negócio de sanduíches gourmet com duas lojas na cidade, o Sandwich Club, e, com o namorado, o italiano Marco Cossu, abriu em Março o Gancho, um pequeno restaurante em Alfama, fusão entre o bistrô, a tasca e a osteria, onde a chef pode descomprimir do fine dining.
Apesar do Boubou’s ser um “casual fine dining”, sublinha, “há muitas exigências de performance” na alta cozinha, diz. “Tudo tem de ser lindo, original, perfeito. Há muitos parâmetros, muita pressão. Amo fazer isso, porque tenho um lado artístico, mas também amo fazer comida de tacho, que não tem de ser perfeita, tem de ser deliciosa. E precisava de um lugar para isso.”
No Boubou’s, um “restaurante familiar que oferece um jantar requintado de assinatura”, lê-se no site, o menu de degustação muda a cada estação e a chef joga com os ingredientes da época (aquando da nossa visita estava em vigor o menu de Primavera).
Na Primavera, época de recomeços, o menu Florescer é definido pela chef em poucas palavras: “Equilíbrio, criatividade, natureza, diversidade. Foi isso que quis transmitir. É um menu elegante, que realmente aposta na suavidade, criando pratos delicados e equilibrados.”
Dos snacks de tártaro de atum e ouriço-do-mar aos espargos brancos em três versões – grelhados, crus e lactofermentados –, sem esquecer a sapateira com gel de gerânio ou o bacalhau com ervilhas e óleo de alho selvagem produzido pelos pais de Louise em França.
A própria chef gosta de brincar com as suas memórias afectivas, como se vê na sobremesa. Além do sorvete de ruibarbo com chá de ervilha borboleta e algodão-doce, o ponto alto, e também um dos seus pratos preferidos desta carta, é o arroz-doce de coco e yuzu: “Quando era criança, detestava este prato e era obrigada a terminá-lo, sob pena de ir para o ‘cantinho do castigo’. Quis transformar essa lembrança em algo positivo.”
O menu de dez momentos inclui alguns bónus como a língua de boi, o capeletti de alcachofra e o gelado de alho negro, a sobremesa que conquistou o júri do Top Chef há três anos.
Em poucas dias, chegará um novo menu, o Harvest, “uma promissora colecção de Verão”, adianta Louise.
Antes do Top Chef e de Portugal, Louise já tinha passado por várias cozinhas. “Cozinho desde que me lembro”, conta a chef que começou as suas experiências culinárias aos 4 anos. A avó é portuguesa, do Minho, mas a mãe nunca falou português em casa. “Ela queria muito ser francesa”, diz Louise, nascida em Lyon. Sobre a escolha da cozinha, parecia-lhe inevitável: “Aprendi muitas coisas sozinha. Já estava escrito.”
Estagiou na Hostellerie de l’Abbaye de la Celle, de Alain Ducasse, em Lyon, trabalhou no Le Chalet de la Forêt, em Bruxelas, e no Mandarin Oriental Hyde Park, em Londres, até decidir viajar pela América Latina durante dois anos.
“Cheguei a Portugal sem trabalhar com tantos chefs reconhecidos em comparação com outros chefs com muita experiência, mas também cheguei com uma cultura diferente, com uma abertura no mundo fora da gastronomia francesa”, considera.
Essa abertura foi essencial para vencer o concurso francês, mas também para o sucesso do seu Boubou’s. Em Abril, o restaurante venceu um Sol na primeira edição dos Prémios do Guia Repsol Portugal.
O destaque foi para as múltiplas influências de Louise, para o seu interesse na exploração dos ingredientes sazonais e também para o serviço de sala e de vinhos: “A prova viva de que o fine dining pode ser informal, sem perder com isso valor ou criatividade.”
Boubou's. Rua do Monte Olivete, 32-A, Príncipe Real, Lisboa. Todos os dias, 19.00-00.00. Reservas: 213 470 804
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