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Com apenas 580 habitantes, a aldeia do Alcaide, no concelho do Fundão, é conhecida como a “capital do cogumelo”. O rótulo surgiu há mais de 15 anos, com o Míscaros, o festival do cogumelo que acontece em Novembro e que se tornou popular nos últimos anos, sobretudo pelos passeios na floresta para apanhar cogumelos e identificar espécies venenosas, além dos workshops com chefs –Alexandre Silva e António Loureiro foram dois dos convidados de 2024.
Na última edição, a Liga dos Amigos do Alcaide, associação local que organiza o festival, lançou o desafio de um cocktail que juntasse os dois temas de 2024: “cogumelos e floresta”. Bruno Batista pôs mãos à obra e criou o Amanitas, um cocktail de “Martini branco impregnado com boletos, um cogumelo selvagem em abundância na Serra da Gardunha”, um “gin floral da região, o Amicis”, e um “xarope de frutos silvestres”, explica o bartender.
O cocktail, servido numa caneca de barro com o desenho de um cogumelo, custa 8 euros e é hoje uma das atracções da Casa Cunha Leal, o restaurante da sua irmã, Ana Batista, e do seu cunhado, Roberto Lopes. “Não é [um cocktail] fácil porque as pessoas ainda não associam sabores de comida a bebidas, mas é o que costumamos sugerir”, continua Bruno.
O restaurante dos jovens chefs, no Alcaide, fica num sítio improvável, na antiga casa de Francisco da Cunha Leal, chefe de Governo ligado à Primeira República e opositor do Estado Novo, que morreu em 1970. A casa, entretanto recuperada pela autarquia, ainda guarda alguns livros e memórias do político no andar de baixo, uma espécie de museu. No andar de cima, com três salas, funciona o restaurante, o primeiro de Ana Batista e Roberto Lopes, depois de várias experiências em restaurantes nacionais e internacionais – Roberto, por exemplo, passou pelo premiado Mielcke & Hurtigkarl, em Copenhaga, e Ana pelo Lasarte, em Barcelona –, além de uma food truck na Lourinhã.
Com a pandemia, Ana, natural da Covilhã, voltou para a Beira Interior e começou a procurar um espaço para que o casal tivesse um “projecto próprio”. “Já tínhamos a ideia de que queríamos uma coisa mais calma, aqui na zona”, diz Ana. Quando souberam que a Casa Cunha Leal estava disponível para acolher um projecto de restauração fizeram uma visita com “zero expectativas”. “Nem sabia bem onde era o Alcaide”, confessa Roberto, natural de Peniche. “Tínhamos receio que fosse demasiado isolado.”
Gostaram da aldeia e acabaram por ficar. A Casa Cunha Leal abria portas pouco tempos depois, em Agosto de 2023, no início só com uma sala, agora já com três em funcionamento e uma esplanada nos dias mais quentes.
A preocupação da carta centra-se nos ingredientes da região, representativos da Beira Interior, com fornecedores locais e produtos que vão mudando consoante a estação – excepto os cogumelos, ou não estivéssemos no Alcaide.
No menu brotam de várias formas: numa sopa de cogumelos frades e castanhas (3.5 euros) ou grelhados, com ovo, vegetais da época e papada fumada (9 euros). E ainda numa tiborna de cogumelos na brasa, com tomate assado, azeite e couve fermentada (18 euros), uma “versão da tiborna tradicional da zona, mas sem bacalhau”, continua Ana.
Também há borrego assado com arroz do mesmo (23 euros), cozinhado durante a noite num forno a lenha, muito popular entre os locais. “Os clientes mais fixos são aqui da região, da Guarda, de Castelo Branco, do Fundão, da Covilhã e também muitas pessoas [que estão] de passagem”, continua Roberto. “Temos até clientes de Idanha[-a-Nova] que vêm uma vez por semana. Aqui no interior notamos mais isso, as pessoas não se importam de se deslocar 40, 50 quilómetros para ir a um restaurante e foi isso também que nos fez vir para aqui.”
Durante o festival do cogumelo, em Novembro, e com a aldeia invadida, o restaurante tem um “conceito à parte” para acolher grandes grupos. “Todo o menu é focado em cogumelos, desde as entradas às sobremesas, passando pelos cocktails”, explica Ana. “O [prato] mais típico é o arroz de míscaros, que se encontra em todas as tasquinhas”, mas a Casa Cunha Leal tem a sua própria versão, com outros cogumelos que recebe do fornecedor.
Bruno, o irmão de Ana, que trabalha no bar, já está a preparar um gin da casa para apresentar na próxima edição do festival, no Outono, e que depois será vendido ao público. “Terá ingredientes autóctones, como o cogumelo que representa o Alcaide, e outros como a cherovia, a carqueja, a castanha, a bolota ou o zimbro da Serra da Estrela.”
Casa Cunha Leal. Rua Dr. Engenheiro Cunha Leal, 1, Alcaide, Fundão. Quarta a sábado, 12.30-15.00 e 19.30-22.30, domingos, 12.30-15.00. Reservas: 961 175 132.
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