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Portugal é terra de muitas lendas e algumas são perfeitas para quem gosta de sentir arrepios na espinha. O Halloween é a época ideal para recuperar algumas destas histórias. E é o melhor motivo para uma viagem até algumas destas moradas que guardam narrativas de desencantar.
Dos montes onde os trilhos podem ou não guardar vestígios de lobisomens e os diabinhos que uma vez por ano saem à rua vestidos de inferno para atormentar as donzelas. Siga as pistas e aproveite também as dicas que deixamos para reencontrar as maravilhas deste mundo — à mesa, claro.
Não se trata de um destino misterioso onde cada casa é ocupada por feiticeiros e bruxas, onde aos balcões se servem mágicas obscuras e receitas com os ingredientes mais obscuros. É, isso sim, uma vila do distrito de Vila Real onde uma extraordinária ideia surgiu para se instituir como tradição. Foi em 2002 que isto começou: celebrar as sextas-feiras 13 na rua, a partir das 13h13, com gente vestida segundo o rigor do bruxedo e do susto.
Foi de curiosidade a riqueza turística e Montalegre é hoje destino de romaria perfeito para quem celebra tudo o que vai do negrume à vampirada. Se por lá andar, reserve com antecedência uma mesa na Taberna Ti’Ana da Eira e assinale que vai querer um Cozido à Barrosã. Se pode comer outras coisas? Pode e deve, mas ignore esta dica. Aliás, repetimos: Cozido à Barrosã.
Taberna da Ti’Ana. Rua Cabeça do Castro 3, Parada do Outeiro, 5470-333 Montalegre; Telefone: 935 720 842; De domingo a sexta, das 12h às 15h. Sábado, das 12h às 22h.
Se a vontade é a de instituir uma tradição sólida e com seguidores, nada melhor do que fazê-lo de forma decidida. Ora no concelho de Mação é isso que tem sido concretizado desde há muito (leia-se séculos), com umas quantas aldeolas como cenários de lendas, histórias macabras e outras graças sem glória. Por exemplo, Degolados, aldeia que faz parte da freguesia de Mação e que ainda não chegou à conclusão se tem nome de irmandade herdada de São João Baptista ou se tal toponímia é legado de lutas, mortes e gente que não está nem falecida nem viva da silva (ou de qualquer outro apelido).
Já Vale da Mua, na freguesia de Envendos continua a ser, para todos os efeitos — especialmente para estes que nos trazem aqui — casa de lobisomens. A nossa dica é que passe por lá averigue. Nos entretantos, reserve mesa no Bigodes, em Ortiga. Em tempos de lampreia, é uma especialidade. Quando assim não é, vá pelo peixe de rio na mesma (de outras categorias) e pelo cação. Pergunte pelo José António (o tal do Bigode) e pela Joaquina. E mande um “olá”.
O Bigodes. Estrada da Barragem 2, Ortiga, 6120-525 Mação; Telefone: 241 571 230; Das 10h às 23h. Fecha à quarta-feira.
As histórias de rituais, de celebrações coletivas em honra de distintas divindades ou entidades demoníacas. As lendas que têm percorrido a serra ao longo de séculos e que chegam à atualidade em formato folclore que dá gosto preservar. A Quinta da Regaleira e seus recantos que apontam tanto para o alto mais elevado como para as profundezas mais escondidas. Os amores que se dizem eternos, que transcendem prazos de vida e que deambulam por espaços como a Quinta da Bela Vista. As vozes, juram uns quantos, que se fazem ouvir nos corredores e nas salas do Palácio da Pena. As chaminés no Palácio Nacional da vila que servem de observatório privilegiado para o interior da Terra. As narrativas são muitas.
 
    Os contos sobrenaturais multiplicam-se e a zona, entre o sopé da serra, os cumes dos montes e as descidas até ao mar, constantemente envoltas numa névoa de sotaque místico, seduzem visitantes e atraem curiosos. Se depois de todo este roteiro de arrepiar precisar de espairecer, vá pela Musa da Praia, em Colares, onde a coolness de uma boa cerveja artesanal e pratos para partilhar prometem um regresso saboroso à realidade deste mundo — este mesmo, não se engane.
Musa da Praia. Antiga Colónia de Férias da CP, Avenida do Atlântico, 2705-288 Colares. Telefone: 913 470 208; Todos os dias, das 12h às 22h.
Neste roteiro já tínhamos passado por Montalegre, já tínhamos percebido que em Trás-os-Montes as forças de “sabe-se-lá-de-onde-vieram” são fortes, têm raízes históricas e continuam a fazer parte do imaginário local — e da economia, convenhamos. Ora outro belíssimo exemplar disto que aqui juramos ser verdade pode ser experienciado em Podence. A terra é curta, os motivos de visita podem parecer limitados, mas há uma época do ano em que tudo muda. Falamos do Carnaval, o Entrudo que aqui é vivido como manda a tradição pagã da fertilidade, da mudança das luas que deixa aviso sobre a reviravolta do tempo e a chegada da primavera. É daí que vem a origem dos Caretos, dos sustos que pregam às mulheres e das roupas que todos os anos desfilam em corrida pelas ruas da localidade.
 
    Curioso (ou inevitável) é como toda essa vibração se mantém ao longo do ano, conferindo a Podence uma palpitação permanente. Claro que, para viver tudo isto, precisa de energia. E no fim de viver tudo isto, precisa de energia outra vez. Um conselho: passe por Macedo de Cavaleiros, ali tão perto, e garanta mesa na Dona Antónia. O aviso é certeiro: é um restaurante “típico”. A típica posta, o típico javali e o creme de arroz tão típico para a sobremesa. Em resumo: tenha medo é de não passar por lá.
Dona Antónia. Rua Pereira Charula 14, 5340-278 Macedo de Cavaleiros. Telefone: 278 421 731. Das 12h às 15h e das 19h às 22h. Ao domingo só serve almoços.
Eles são sacanas mascarados, com barbas de milho, folhas secas, máscaras duvidosas. Passeiam-se como se fossem resultado de hipnoses diabólicas. Elas são as protetoras deste mundo de ideias próprias, carregam cestas com maçarocas e ovos podres e, sempre que podem, atiram para manchar, para que os pobres coitados fiquem marcados, para que toda a gente fique a saber quem eles são. “Eles que não se aproximem”, pensarão uns quantos. Outros, muitos outros, milhares de outros, como acontece em Podence, acorrem sem medos para ver tudo isto acontecer, para participar, para descobrir e depois contar.
 
    A terça-feira gorda — cá está ela outra vez — é a mãe de todas as festas, mas em Lazarim, povoação que no sopé da serra de Montemuro parece pedir misericórdia aos deuses para que seja poupada, a névoa de misticismo levanta-se o ano inteiro. Como se fossem necessários meses após meses para que o mal destes mascarados se alimente e acumule.
E já que falamos em acumular e alimentar, duas sugestões para tomar de frente o mafarrico nestas terras. Vá até Lamego, é logo ali, e entre uma subida e uma descida nos degraus da Senhora dos Remédios prove os petiscos da Casa da Rua e as degustações do Vindouro. Para todos os gostos e, sobretudo, para o bom gosto.
Casa da Rua. Rua de Almacave 48, Lamego; Telefone: 968 859 17; De quarta a sábado, das 12h30 às 15h e das 19h30 às 22h30.
Vindouro. Travessa dos Fornos 21, Lamego; Telefone: 254 401 698; Das 12h às 14h30 e das 19h40 às 22h30
Não precisamos de um terreno a perder de vista para ter medo. Não temos que estar no topo de uma serra ou no meio do nevoeiro para perdermos o norte e deixar de distinguir aquilo que vemos com o que imaginamos. Ou será que não era imaginação? É essa a questão de quem vai jurando a pés juntos, ou com um pé de cada vez no chão, ter visto “coisas” neste castelinho. Tratar-se-á de uma criança que aqui perto terá vivido e que destes muros terá caído. Ficou por cá, em jeito de assombração, neste que é Castelinho de Nossa Senhora de Fátima, entre São Pedro e São João do Estoril, a olhar para o mar como quem jura estar a ver outro mundo.
Sobre isso, não avançamos mais, mas chegamo-nos à frente para sugerir uma refeição no Paco Bigotes. Vai continuar na mesma zona, vai saborear não outro mundo, mas outro lado do mundo, quando a comida mexicana (cuidada, mimada) chegar à sua mesa. E vai perceber que está bem vivo quando der pelos temperos e pelo picante. Vai ver que era mesmo disso que estava a precisar.
Paco Bigotes. Rua Nunes dos Santos, Local C, Estoril, 2765-546 Cascais. Telefone: 214 076 708; Das 12h às 23h30.
Se há de facto assombrações, macacos nos mordam a todos se não é daqui que saem todas as maldades em formas fantasmagóricas para nos atazanarem os dias. É o Sanatório de Mont’alto, em Gondomar, construção inaugurada em 1958 para albergar doentes com tuberculose e que encerrou em 1975. Como noutros casos de instituições semelhantes, a ciência tornou desnecessários estes espaços, mas alguns subsistem em forma da ruína.
Este é o mais emblemático, graças aos seus imponentes quase 90 mil metros quadrados. Vazio há 50 anos, espera nova realidade, mas enquanto isso, pelo meio de pilhagens, incêndios e outras realidades da mesma estirpe, o sanatório foi acolhendo também relatos de visões e de rituais entre corredores e quartos abandonados. Daí que faça parte dos roteiros turísticos que se ocupam destas propostas menos ortodoxas.
No meio de tudo isto, fazemos aqui uma aposta paralela: a Tasquinha São José, em Valongo. Gondomar é grande, é um mundo a deslizar em direção ao Douro. Vá pelas costelinhas de cabrito com batatas a murro ou pelo bacalhau à brás, ao mesmo tempo que vai já pensando na sobremesa. Zero arrependimentos.
Tasquinha São José. Rua António Sérgio 386, 4420-376 Valbom. Telefone: 224 831 558; Das 8h às 22h. Fecha ao domingo.
Esta é um edifício que não precisava de mais nada além da própria história para figurar entre os locais que podem amedrontar um ou outro visitante. Foi construído no início do século XVII para ser um colégio. Serviu de albergue para tropas napoleónicas e foi mais tarde vendido, comprado e, enfim, transformado em teatro por Lázaro Doglioni, médico italiano vindo de Veneza que era também um mecenas dedicado à arte e cultura.
Chamou-lhe Lethes em homenagem ao rio controlado por Hades, curso de água que, segundo a mitologia grega, servia para limpar memórias. Uma figura que evoca o esquecimento, mas que não bastou para varrer a lenda da bailarina que naquele teatro se terá enforcado e cujos passos ainda podem ser ouvidos.
 
    Pois bem, quer ouça ou não estes pés ligeiros, passe por lá, veja o que está em cartaz e, de caminho, vá ao Escama, o restaurante onde pode escolher o peixe e, em conjunto com a equipa da casa, trabalhá-lo num menu feito à sua medida. Isto sim, também podia ser uma lenda.
Escama. Rua Conselheiro Bivar, 8, Faro. Telefone: 910 998 476. Terça-feira a domingo, das 12h30 às 14h30 e 19h30 às 23h.
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