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Desengane-se quem chega à Cerdeira – Home for Creativity à procura de mordomias no check-in ou de uma semana a pôr em dia os últimos episódios da série The White Lotus. Nenhuma das dez casas da aldeia na Serra da Lousã, a 37 quilómetros de Coimbra, tem televisão e quase nos sentimos culpados por ligar o Wi-fi – que existe.
Um dos propósitos aqui é que nos desliguemos um pouco da tecnologia, numa espécie de apagão voluntário, incentivado por uma pilha de livros e jogos de tabuleiro nas prateleiras. No site da Cerdeira, a descrição da Casa da Azeitona, uma das primeiras a ser recuperadas, aborda o assunto: “Optámos por não colocar televisão para que possa desfrutar inteiramente da tranquilidade desta aldeia”, explicam, sugerindo planos alternativos aos ecrãs: “Fazer refeições em família, ler um livro embalado pelo som da ribeira ou contar estrelas à noite.”
A casa, com um terraço com vista para o vale e para os outros telhados típicos das Aldeias do Xisto, presta-se a isso. No interior, a atracção é outra, ou não fosse este o alojamento preferido das crianças: um enorme gato de pano, de três metros, sentado na sala-de-estar.
O boneco – a Azeitona que dá nome à casa – é uma criação de Vanda Kosta, artista de Braga, que deixou a sua marca na Cerdeira depois de uma residência artística. É ela a responsável pela decoração da casa, com novelos de lã espalhados por toda a parte, e uma cama suspensa, o “ninho”, como lhe chamam, ideal para os miúdos.
Mais abaixo, na Casa da Árvore, com uma das melhores vistas para o pôr-do-sol, a inspiração partiu de uma árvore que estava “dentro da própria ruína”, conta Sérgio Alves, director comercial da Cerdeira – Home for Creativity. “Toda a madeira foi reaproveitada para fazer a escada”, explica.
A história da recuperação da aldeia com mais de 300 anos é contada no Livro da Casa, disponível em cada alojamento, com informações sobre os fundadores do projecto e os artistas envolvidos na nova vida das casas. Por exemplo, António Fernandes, que trabalha com madeiras, o “escultor da natureza” da Casa da Árvore, responsável “pela escadaria, pela estante e pelos bengaleiros”. Ou a artista plástica Vanda Vilela, que se inspirou no rabirruivo, “um pequeno pássaro assíduo na Cerdeira”, para os quadros nas paredes, feitos de papéis de várias cores.
Na aldeia, a estadia de uma noite para 2 a 6 pessoas começa nos 100 euros, dependendo da tipologia da casa, e pode ir até aos 200 euros, com pequeno-almoço incluído. Aqui, não há época alta nem baixa. “Temos o turista que visita as Aldeias [do Xisto, ao todo são 27] e fica dois dias e temos o turista que vem para a escola e pode ficar de uma semana a um mês”, continua Sérgio Alves, o director comercial.
A Escola de Artes e Ofícios, com cursos dados por grandes mestres da cerâmica o ano inteiro (alguns chegam aos 2500 euros) e um forno especial, Sasukenei, que não deita fumo, é, aliás, um dos principais motivos de visita à Cerdeira. Mas há também quem procure o sossego de uma aldeia isolada, onde os visitantes das dez casas (e outra maior, a Casa da Aldeia, onde cabem 12 pessoas em beliches) são considerados “vizinhos”, mais do que hóspedes.
Cada casa tem uma cozinha moderna e bem equipada e, por marcação, também é possível receber o jantar à porta, através do serviço Mesa Posta, normalmente com sopa, vinho e um prato regional, como a chanfana.
Além dos cursos mais sérios da escola com cerâmica, madeira ou cestaria, há outras actividades criativas de um dia, como a iniciação à roda de oleiro, uma das mais populares, ou o workshop de construção de casas de xisto em miniatura (45 euros por pessoa), bom para levar uma recordação para casa.
Quando o tempo permite, é possível desfrutar da piscina natural da Cerdeira ou fazer uma caminhada de uma hora até à aldeia mais próxima, o Candal, para petiscar e beber uma cerveja artesanal no único café/restaurante a funcionar, o Sabores da Aldeia.
Catarina Serra, de 33 anos, filha do casal responsável pelo Cerdeira – Home for Creativity, juntamente com a escultora alemã Kerstin Thomas, conta que o projecto de recuperação foi possível graças ao “financiamento da União Europeia e muito capital próprio da família”.
Quando chegou à Cerdeira, aos 4 anos, o panorama era bem diferente: “A aldeia não tinha electricidade, saneamento básico, rede de telefone ou estrada alcatroada”, recorda.
Inicialmente pensada como uma “comunidade para artistas”, a Cerdeira, agora modernizada, continua a viver muito dessa componente das artes, com uma maioria de público estrangeiro. “Não só para artistas, mas também para pessoas que queiram ter um contacto com uma coisa diferente, ou para criativos que queiram desenvolver a cabeça por outro lado.”
Já o alojamento, “não tão linear”, diz Catarina, tem sido mais procurado por portugueses, ansiosos por desligar a ficha.
Cerdeira Home for Creativity, Serra da Lousã. Coimbra. Alojamento a partir de 100 euros/noite em www.cerdeirahomeforcreativity.com. Reservas: reservations@cerdeirahomeforcreativity.com, 911 789 605.
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