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Um roteiro para descobrir Chaves

Água, vinho e fumeiro de Chaves e arredores

16/09/2025

Texto: Austin Bush

Fotografia: Austin Bush

Escondida no interior do país, Chaves compensa bem a viagem. Descubra uma região que promete inesperadas descobertas de cultura e sabor.

Chaves distingue-se pelas suas águas termais, exploradas pelos romanos há cerca de dois mil anos. Na época, a cidade servia de base para que os soldados se pudessem curar e regenerar. Os romanos deram-lhe o nome de Aquae Flaviae, em homenagem ao imperador da época. Ainda hoje, é possível encontrar vestígios desse passado romano.

Aquae Flaviae: a herança romana

As Termas Romanas de Chaves são consideradas os maiores e mais bem preservados banhos romanos da Hispânia Romana. Tendo sido escavadas e parcialmente reconstruídas (acredita-se que um sismo no século IV as tenha danificado), podem hoje ser visitadas sob a forma de um museu gratuito.

Situado numa área coberta no centro de Chaves, o espaço conta ainda com uma galeria superior que oferece vistas impressionantes sobre a vasta zona de banhos, uma experiência complementada por painéis informativos que explicam a sua utilização e contexto na antiga cidade.

No Buvete, nas Termas de Chaves, serve-se água termal morna com um travo a enoxofre
No Buvete, nas Termas de Chaves, serve-se água termal morna com um travo a enoxofre

Chaves é também casa de uma versão moderna destes banhos romanos. As Termas de Chaves são um espaço dedicado ao bem-estar na forma de um complexo termal construído no princípio dos anos 1970 que tira proveito de uma água, não só rica em minerais, mas que apresenta um pH de 6,80.

As termas oferecem uma variedade de tratamentos, desde massagens a banhos turcos, sendo o mais simples o acesso a um conjunto de piscinas ao ar livre com águas quentes (entre 30ºC e 36ºC), construídas entre rochas artificiais. São fornecidas toalhas e cacifos, mas os visitantes têm de trazer os seus próprios chinelos e toucas de banho.

A Água de Carvalhelhos vem de uma nascente termal a poucos quilómetros de Boticas
A Água de Carvalhelhos vem de uma nascente termal a poucos quilómetros de Boticas

Também parte deste complexo, são o Buvete e a Fonte do Povo. O primeiro, sob a forma de um pavilhão, é onde se oferecem copos de água mineral— a água é morna, com um ligeiro aroma de enxofre e um leve sabor salgado— já a Fonte do Povo, poucos passos mais adiante, é uma bica que fornece gratuitamente água termal quente (76°C), diretamente da origem. Vimos os habitantes locais encherem garrafas para consumo caseiro.

Sem grandes surpresas, dados os recursos hídricos de Chaves, a grande maioria das marcas de águas minerais portuguesas–– Água das Pedras, Campilho, Frize e Águas de Carvalhelhos— vão buscar o seu produto às diversas nascentes que existem ao redor da cidade.

A Águas de Carvelhelhos tem sido engarrafada a partir de uma nascente termal, numa aldeia do mesmo nome, localizada a meia-hora de carro na direção de Boticas, desde 1915. A água com gás da marca passa por um processo de filtragem ligeiro e uma carbonatação suave.

O resultado, uma água com um pH de 7, um sabor levemente salgado e uma das mais sofisticadas do país. A fábrica não se encontra aberta ao público mas, durante os meses de Verão, a nascente dessa água, a Fonte Stella, abre, sendo possível beber e banhar-se num cenário campestre a poucos passos do local de produção.

Vinho do Norte: expressão da natureza

É de lembrar que a água não é a única bebida a ser engarrafada em Chaves. Os vinhos de Trás-os-Montes são oficialmente Denominação de Origem Controlada (DOC), sendo Chaves reconhecida como um sub-região. Desde 2001 que Amílcar Salgado tem vindo a produzir vinhos com o rótulo Quinta do Arcossó, na aldeia com o mesmo nome, situada entre Chaves e Vigo.

A manutenção das vinhas na Quinta do Arcossó
A manutenção das vinhas na Quinta do Arcossó
Amílcar Salgado na sua adega, na Quinta do Arcossó
Amílcar Salgado na sua adega, na Quinta do Arcossó

Ao longo deste tempo, António granjeou uma boa reputação, em parte por utilizar castas pouco comuns na região, como a Touriga Nacional e o Riesling, bem como por produzir estilos invulgares no país, como a colheita tardia. “Eu procuro que a natureza se expresse através das uvas e do vinho,” disse-nos Salgado, resumindo o seu estilo de vinificação que o tornou num verdadeiro produtor de culto em Chaves. António recebe visitas e provas informais na Quinta do Arcossó, e os seus vinhos podem ser encontrados em lojas da cidade como a D’Chaves.

Mesa Rústica: Aprígio e Casa de Souto Velho

O Rio Tâmega corta por Chaves e continua por Trás-os-Montes, uma das áreas mais remotas e em bruto do país. Em 2004, a Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega criou uma rede de Tabernas do Ato do Tâmega, com cerca de 15 restaurantes rústicos, com o objectivo de proteger e promover a herança gastronómica da região. Duas dessas tabernas podem ser encontradas na zona da grande Chaves.

Os donos do Aprígio: Aprígio, Paula e Luís
Os donos do Aprígio: Aprígio, Paula e Luís

“Em geral, nós trabalhamos com pratos tradicionais,” diz-nos Aprígio Chaves, a terceira geração de proprietários do Aprígio, em Chaves. Em conjunto com a sua esposa, Paula, e o seu irmão, Luís, Aprígio mantém um menu reduzido e permanente— acreditamos que o melhor método é o de olhar para a Ementa do Dia, um repertório de três opções, sendo uma delas típica da região.

Rancho de grão, à esquerda, e Aletria, à direita
Rancho de grão, à esquerda, e Aletria, à direita

No dia em visitamos o espaço, é-nos recomendado o rancho com grão, um prato que combina massa e grão com chispe, pernil de porco salgado, vitela salgada, chouriço e couve portuguesa. O chispe confere ao prato uma textura agradavelmente gelatinosa. “É um prato forte!” — diz-nos Aprígio, antes de trazer um prato de aletria, a sobremesa da casa, que chega com um tom amarelo tão intenso, devido à grande quantidade de ovos, que quase nos leva a pensar que leva açafrão.

Para uma experiência ainda mais autêntica, dirija-se cerca de 20 minutos para sul de Chaves, em direção à Casa de Souto Velho, um restaurante familiar gerido por Eufrásia e Osvaldo Almeida. “Estamos restringidos ao que produzimos, não podemos ser muito criativos por aqui”, desculpa-se Eufrásia. Contudo, são estas mesmas restrições que fazem da Casa de Souto Velho, um dos mais deliciosos restaurantes da região, quiçá de Portugal.

Feijão Frade com Grelos, na Casa de Souto Velho
Feijão Frade com Grelos, na Casa de Souto Velho

A afirmação de Eufrásia não é nenhum exagero, quase todos os ingredientes servidos aqui são produzidos pelo casal: o presunto e o salpicão fumados in loco, oriundos de porcos criados por eles, o folar, carregado de ovo e enfeitado com toucinho, bem como o pão de centeio — macio mas resistente — ambos cozidos em forno caseiro; quase todos os vegetais são cultivados na horta da propriedade e até mesmo o vinho tem o seu começo no lagar da família.

No dia em que visitamos o restaurante, que funciona apenas por reserva, somos recebidos com uma mesa farta, suficiente para alimentar oito pessoas. Um dos destaques é o galo estufado com cogumelos — consiste num galo jovem, estufado em vinho tinto, com presunto e cogumelos selvagens — um prato de tal profundidade e intensidade de sabor que poderia ter sido temperado com um molho de soja secular, vindo de Macau.

Pastel de Chaves: o Folhado da Terra

Um dos emblemas gastronómicos da cidade é o pastel de Chaves, uma meia-lua que cabe na mão e que consiste em múltiplas e finíssimas camadas de massa de trigo que envolvem um recheio subtilmente saboroso, salgado e aromático de vitela picada.

Pastéis de Chaves a serem feitos n’O Meu Celeiro
Pastéis de Chaves a serem feitos n’O Meu Celeiro

Diz-se dele que foi inventado na cidade em 1862 e hoje detém o estatuto de Indicação Geográfica Protegida (IGP). Existem uma miríade de locais em Chaves onde se pode provar este folhado — a maioria encontra-se a uma conveniente distância a pé no centro histórico da cidade — e talvez o melhor de todos seja o D’Chaves. Aqui, os pasteis são mais pequenos do que na maioria dos outros locais, confeccionados com camadas de massa de massa feita com manteiga, tão finas que poderiam quase voar com a força do vento, e um recheio agradavelmente salgado.

O dono Rui Morais pendura alheiras n’O Meu Celeiro
O dono Rui Morais pendura alheiras n’O Meu Celeiro

No O Meu Celeiro, mais mercearia que pastelaria, as camadas desta massa são ainda mais finas e leves. Pastéis de carne é como lhes chamam no Mil Doce, uma pastelaria tradicional no centro da cidade, onde o recheio é perfumado com folha de louro e pimenta branca. Já a Pastelaria Maria, apresenta uma variação mais fofa, do tamanho de um punho. “Estamos aqui há muito tempo, já são mais de 50 anos,” diz a proprietária quando lhe perguntamos sobre a sua pastelaria, uma casa encantadora, com flores na fachada e uma das varandas mais especiais de Chaves.

Herança de Fumo

Se Chaves é conhecida por mais algum produto gastronómico, será pelos seus enchidos. Presunto, salpicão, alheira e demais, podem ser comprados diretamente aos fumeiros da cidade, ainda que os que têm melhor reputação, D’Alcina, Casa do Capador e Flavi Carnes, sejam estritamente sazonais, abrindo as suas portas apenas durante os meses mais frios.

Os talhos mais centrais, como é o caso da Boitique de Carnes S. José, vendem estes produtos durante todo o ano. Em alternativa, Chaves é a casa de diversas mercearias que se especializam na venda de produtos locais. Um bom exemplo é O Meu Celeiro onde o proprietário Rui Morais conhece bem a gastronomia da cidade. A loja oferece uma seleção de enchidos produzidos localmente, bem como azeites, vinhos, queijos e outros produtos de Trás-os-Montes. A D’Chaves, hoje talvez mais conhecida como destino obrigatório para provar os pastéis de Chaves, é também uma excelente opção para encontrar produtos regionais, especialmente enchidos fumados da casa e vinhos da Quinta do Arcossó.

 Este artigo foi traduzido por Raquel Dias.