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O Rio Lima e toda a sua chuva fazem do Minho a região mais verde de Portugal. São a cultura e a gastronomia locais, desde Viana do Castelo a Ponte de Lima, que acrescentam outras tonalidades à paleta da região.
Viana do Castelo é conhecida pelo seu traje à vianesa, a vestimenta tradicional da cidade. O Museu do Traje de Viana do Castelo é uma instituição dedicada ao vestuário da região e é um dos melhores pequenos museus do país. Situado num antigo banco, a exposição estende-se por quatro andares e inclui ecrãs onde se pode aprender tudo sobre o traje da região, desde os mais formais de casamento, até à roupa utilizada pelos sargaceiros (apanhadores de algas).
O espaço contém ainda belíssimas fotografias antigas e até um filme que demonstra como as mulheres envergam as inúmeras peças que compõem os trajes mais formais. Todas as roupas são de suster a respiração — marcantes, garridas, belas e cheias de estilo, especialmente se estivermos habituados a imaginar o passado como tendo existido sempre a preto e branco.
Mas o colorido da expressão artística de Viana do Castelo não se fica pelo passado. Mesmo a sul do Rio Lima, no Atelier Joaquim Pires, o artista que dá pelo mesmo nome tem transformado materiais reciclados em peças de arte popular vibrantes. “Eu era pescador antes disso", diz-nos quando perguntamos sobre o que fazia antes.
“Ninguém me ensinou a fazer isto, aprendi por mim”. A sua expressão autodidata assume a forma de esculturas lúdicas, quase infantis, muitas vezes feitas a partir de chapas finas de metal pintadas com cores fortes, representando animais, dançarinos folclóricos da região, sereias e outras criaturas fantásticas. O atelier não tem horário fixo, mas o Joaquim recebe com gosto visitas espontâneas.
Ponte de Lima está localizada na região do Vinho Verde, um bastião da tradição vinícola portuguesa. Ainda assim, Vasco Croft, o homem por detrás da marca Aphros, uma quinta mesmo à saída da cidade, decidiu seguir numa direcção oposta. “Senti o desafio de descobrir o poder do terroir através da viticultura biodinâmica e de uma vinificação cuidada.” disse-nos o antigo arquitecto, fundador de Aphros em 2004.
Em conjunto com o produtor Miguel Viseu, o par trabalha com Loureiro, Arinto, Vinhão e Alvarelhão, todas castas que são utilizadas na região, mas com recurso a técnicas novas como a agricultura biodinâmica, a talha e os ovos de cimento para envelhecer os vinhos. Remam contra a maré. “Só com a casta Loureiro produzimos cinco vinhos diferentes”, diz-nos Vasco, que foi também o primeiro na região a produzir vinho pet-nat. Visitas e provas podem ser organizadas de avanço, através do website.
A área circundante de Ponte de Lima, já foi conhecida pelas suas maçãs, fruto que os habitantes da região utilizavam para fazer uma bebida que apelidavam de vinho de maçã – o que hoje conhecemos por sidra. A moda perdeu-se a partir do século XX, mas há quem esteja a tentar trazê-la de volta. Sob o nome de Nua, Emanuelle Dalla Costa e Miguel Viseu, produzem sidra de espécies autóctones de maçãs em risco de desaparecer.
“Os resultados nunca são os mesmos— é um produto natural”, explica Dalla Costa, que não utiliza sulfitos nem levedura na produção da sua sidra. A sidra #1 da Nua, feita a partir das maçãs Porta da Loja e Pipo de Basto, é ácida e fresca, com uma cor amarelo-viva que se enquadra perfeitamente no perfil da sidra à moda do Minho.
A sidra Hybrid da marca inclui sumo de uva, o que lhe dá um tom semelhante ao da toranja e um sabor ligeiramente mais doce. A Nua não tem instalações de produção permanentes em Ponte de Lima, mas podemos encontrá-la no restaurante Pacóvio, em Viana do Castelo.
“Antigamente, o arroz de sarrabulho era um prato de gente rica, dos que tinham terras", afirma Filipe Fernando Penha da Fonte, o proprietário da Casa Borges, um restaurante perto de Ponte de Lima, especializado neste prato desde os anos 1960. Felizmente para nós, o arroz de sarrabulho está disponível para todos nos dias que correm, sendo que o da Casa Borges é uma das melhores versões do prato na região.
O arroz chega-nos num prato raso de barro, a cor é quase tão escura como chocolate e sente-se um agradável aroma a cominhos. Para acompanhar, é servido um prato que inclui rojões, fígado, beloura frita (um enchido de farinha de milho e sangue) e tripa enfarinhada. O couvert, uma broa densa e húmida acompanhada de pequenas azeitonas amargas, chouriça temperada com vinho tinto e fumada na chaminé do restaurante— é maravilhoso.
Tudo isto desce melhor com as malgas de um vinho verde tinto, a roçar o roxo-escuro. Quem é de cá sabe como guardar aquele pequeno espaço para a sobremesa, que no nosso caso vem em forma de leite-creme, queimado até caramelizar, levemente fumado, já que a ferramenta utilizada é escaldada directamente no carvão.
Se isto tudo parece muito pesado, a Casa Primavera Taberna Soares, um restaurante familiar em Viana do Castelo, segue numa direcção diferente. “Somos uma casa de peixe e marisco”, afirma Catarina Soares, filha dos actuais proprietários, que há mais de duas décadas tomam conta do estabelecimento.
É um excelente lugar para peixe e petiscos à base de marisco: pequenos pratos de búzios, camarão ou ovas, servidos com vinho verde a acompanhar. Quando o visitámos, o prato do dia era polvo grelhado. Pescado na região, o polvo é grelhado, temperado com azeite e alho picado, servido com batatas a murro e feijão verde cozido— um aroma fumado, salgado, viscoso, simples e delicioso. Como estamos no Minho, fechamos com um “Romeu e Julieta”, uma pequena tábua de queijo curado e marmelada.
Mas nem tudo é tradição. No Pacóvio, em Viana do Castelo, os filhos da terra Luís Magalhães e Vanda Balina, estão a aproveitar os melhores ingredientes do Minho para coleccionar pratos que a maioria dos seus conterrâneos não reconheceria. É o caso de criações como o Sim Cenoura, que consiste em cenoura grelhada servida numa cama de queijo fresco, com salsa verde e amêndoas, ou Melos Kara, cogumelos fritos com malagueta fermentada e algas.
“Apesar da comida parecer estranha e moderna, estamos sempre dependentes do antigo saber das gentes da terra para fazer o que fazemos”, explica Luís. O Pacóvio funciona também como um dos bares da cidade mais progressistas, com bebidas que se focam quase exclusivamente na região, incluindo vinhos de pequenos produtores e sidra de produtores locais, como Nua ou Faca nos Dentes.
Depois de tanta comida e bebida, precisamos de uma caminhada. Por isso, seguimos para a Ecovia, um trilho – ou rede de trilhos – que se estende por mais de 70 km desde Viana do Castelo até Arcos de Valdevez.
Acompanhando o rio Lima ao longo de todo o percurso, e com troços acessíveis a bicicletas de montanha, a Ecovia atravessa comunidades rurais, vinhas e zonas naturais protegidas. Um ponto de entrada fácil – e belíssimo – a partir de Ponte de Lima é a Praia Fluvial da Gemieira, uma praia de areia com algumas infraestruturas de apoio e uma floresta autóctone.
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