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Cor, Sabores e Natureza em Viana do Castelo e Ponte de Lima

O que visitar, fazer e comer em Viana do Castelo e Ponte de Lima

Cor, Sabores e Natureza em Viana do Castelo e Ponte de Lima

13/08/2025

Texto: Austin Bush

Fotografia: Austin Bush

Passeio pelo Alto Minho, entre as cidades de Viana do Castelo e Ponte Lima, para conhecer produtores locais, restaurantes tradicionais e os que reinventam o receituário minhoto, assim como artistas e museus.

O Rio Lima e toda a sua chuva fazem do Minho a região mais verde de Portugal. São a cultura e a gastronomia locais, desde Viana do Castelo a Ponte de Lima, que acrescentam outras tonalidades à paleta da região.

O que visitar em Viana do Castelo: Cor e Cultura

Viana do Castelo é conhecida pelo seu traje à vianesa, a vestimenta tradicional da cidade. O Museu do Traje de Viana do Castelo é uma instituição dedicada ao vestuário da região e é um dos melhores pequenos museus do país. Situado num antigo banco, a exposição estende-se por quatro andares e inclui ecrãs onde se pode aprender tudo sobre o traje da região, desde os mais formais de casamento, até à roupa utilizada pelos sargaceiros (apanhadores de algas).

Alguns exemplos dos trajes em exposição no Museu do Traje de Viana do Castelo
Alguns exemplos dos trajes em exposição no Museu do Traje de Viana do Castelo

O espaço contém ainda belíssimas fotografias antigas e até um filme que demonstra como as mulheres envergam as inúmeras peças que compõem os trajes mais formais. Todas as roupas são de suster a respiração — marcantes, garridas, belas e cheias de estilo, especialmente se estivermos habituados a imaginar o passado como tendo existido sempre a preto e branco.

Mas o colorido da expressão artística de Viana do Castelo não se fica pelo passado. Mesmo a sul do Rio Lima, no Atelier Joaquim Pires, o artista que dá pelo mesmo nome tem transformado materiais reciclados em peças de arte popular vibrantes. “Eu era pescador antes disso", diz-nos quando perguntamos sobre o que fazia antes.

Joaquim Pires a trabalhar no exterior do seu atelier, em Ponte de Lima
Joaquim Pires a trabalhar no exterior do seu atelier, em Ponte de Lima

“Ninguém me ensinou a fazer isto, aprendi por mim”. A sua expressão autodidata assume a forma de esculturas lúdicas, quase infantis, muitas vezes feitas a partir de chapas finas de metal pintadas com cores fortes, representando animais, dançarinos folclóricos da região, sereias e outras criaturas fantásticas. O atelier não tem horário fixo, mas o Joaquim recebe com gosto visitas espontâneas.

O que ver em Ponte de Lima: Mais que Verde

Ponte de Lima está localizada na região do Vinho Verde, um bastião da tradição vinícola portuguesa. Ainda assim, Vasco Croft, o homem por detrás da marca Aphros, uma quinta mesmo à saída da cidade, decidiu seguir numa direcção oposta. “Senti o desafio de descobrir o poder do terroir através da viticultura biodinâmica e de uma vinificação cuidada.” disse-nos o antigo arquitecto, fundador de Aphros em 2004.

Os produtores da Aphros, Vasco Croft e Miguel Viseu, em Ponte de Lima
Os produtores da Aphros, Vasco Croft e Miguel Viseu, em Ponte de Lima

Em conjunto com o produtor Miguel Viseu, o par trabalha com Loureiro, Arinto, Vinhão e Alvarelhão, todas castas que são utilizadas na região, mas com recurso a técnicas novas como a agricultura biodinâmica, a talha e os ovos de cimento para envelhecer os vinhos. Remam contra a maré. “Só com a casta Loureiro produzimos cinco vinhos diferentes”, diz-nos Vasco, que foi também o primeiro na região a produzir vinho pet-nat. Visitas e provas podem ser organizadas de avanço, através do website.

A área circundante de Ponte de Lima, já foi conhecida pelas suas maçãs, fruto que os habitantes da região utilizavam para fazer uma bebida que apelidavam de vinho de maçã – o que hoje conhecemos por sidra. A moda perdeu-se a partir do século XX, mas há quem esteja a tentar trazê-la de volta. Sob o nome de Nua, Emanuelle Dalla Costa e Miguel Viseu, produzem sidra de espécies autóctones de maçãs em risco de desaparecer.

Emanuelle Dalla Costa e Miguel Viseu, responsáveis pela sidra Nua, em Ponte de Lima
Emanuelle Dalla Costa e Miguel Viseu, responsáveis pela sidra Nua, em Ponte de Lima

“Os resultados nunca são os mesmos— é um produto natural”, explica Dalla Costa, que não utiliza sulfitos nem levedura na produção da sua sidra. A sidra #1 da Nua, feita a partir das maçãs Porta da Loja e Pipo de Basto, é ácida e fresca, com uma cor amarelo-viva que se enquadra perfeitamente no perfil da sidra à moda do Minho.

A sidra Hybrid da marca inclui sumo de uva, o que lhe dá um tom semelhante ao da toranja e um sabor ligeiramente mais doce. A Nua não tem instalações de produção permanentes em Ponte de Lima, mas podemos encontrá-la no restaurante Pacóvio, em Viana do Castelo.

Onde comer entre a terra e o mar

“Antigamente, o arroz de sarrabulho era um prato de gente rica, dos que tinham terras", afirma Filipe Fernando Penha da Fonte, o proprietário da Casa Borges, um restaurante perto de Ponte de Lima, especializado neste prato desde os anos 1960. Felizmente para nós, o arroz de sarrabulho está disponível para todos nos dias que correm, sendo que o da Casa Borges é uma das melhores versões do prato na região.

Filipe Fernando Penha da Fonte, o dono da Casa Borges, na Correlhã
Filipe Fernando Penha da Fonte, o dono da Casa Borges, na Correlhã
Arroz de Sarrabulho, na Casa Borges, na Correlhã
Arroz de Sarrabulho, na Casa Borges, na Correlhã

O arroz chega-nos num prato raso de barro, a cor é quase tão escura como chocolate e sente-se um agradável aroma a cominhos. Para acompanhar, é servido um prato que inclui rojões, fígado, beloura frita (um enchido de farinha de milho e sangue) e tripa enfarinhada. O couvert, uma broa densa e húmida acompanhada de pequenas azeitonas amargas, chouriça temperada com vinho tinto e fumada na chaminé do restaurante— é maravilhoso.

Tudo isto desce melhor com as malgas de um vinho verde tinto, a roçar o roxo-escuro. Quem é de cá sabe como guardar aquele pequeno espaço para a sobremesa, que no nosso caso vem em forma de leite-creme, queimado até caramelizar, levemente fumado, já que a ferramenta utilizada é escaldada directamente no carvão.

Se isto tudo parece muito pesado, a Casa Primavera Taberna Soares, um restaurante familiar em Viana do Castelo, segue numa direcção diferente. “Somos uma casa de peixe e marisco”, afirma Catarina Soares, filha dos actuais proprietários, que há mais de duas décadas tomam conta do estabelecimento.

A Casa Primavera Taberna Soares, um restaurante familiar de Viana do Castelo
A Casa Primavera Taberna Soares, um restaurante familiar de Viana do Castelo

É um excelente lugar para peixe e petiscos à base de marisco: pequenos pratos de búzios, camarão ou ovas, servidos com vinho verde a acompanhar. Quando o visitámos, o prato do dia era polvo grelhado. Pescado na região, o polvo é grelhado, temperado com azeite e alho picado, servido com batatas a murro e feijão verde cozido— um aroma fumado, salgado, viscoso, simples e delicioso. Como estamos no Minho, fechamos com um “Romeu e Julieta”, uma pequena tábua de queijo curado e marmelada.

Mas nem tudo é tradição. No Pacóvio, em Viana do Castelo, os filhos da terra Luís Magalhães e Vanda Balina, estão a aproveitar os melhores ingredientes do Minho para coleccionar pratos que a maioria dos seus conterrâneos não reconheceria. É o caso de criações como o Sim Cenoura, que consiste em cenoura grelhada servida numa cama de queijo fresco, com salsa verde e amêndoas, ou Melos Kara, cogumelos fritos com malagueta fermentada e algas.

Luís Magalhães, um dos donos do Pacóvio, em Viana do Castelo. À direita, um dos seus pratos, o Sim Cenoura
Luís Magalhães, um dos donos do Pacóvio, em Viana do Castelo. À direita, um dos seus pratos, o Sim Cenoura

“Apesar da comida parecer estranha e moderna, estamos sempre dependentes do antigo saber das gentes da terra para fazer o que fazemos”, explica Luís. O Pacóvio funciona também como um dos bares da cidade mais progressistas, com bebidas que se focam quase exclusivamente na região, incluindo vinhos de pequenos produtores e sidra de produtores locais, como Nua ou Faca nos Dentes.

Passeios no Campo

Depois de tanta comida e bebida, precisamos de uma caminhada. Por isso, seguimos para a Ecovia, um trilho – ou rede de trilhos – que se estende por mais de 70 km desde Viana do Castelo até Arcos de Valdevez.

A Ecovia que passa pela Praia Fluvial Gemieira, em Ponte de Lima
A Ecovia que passa pela Praia Fluvial Gemieira, em Ponte de Lima

Acompanhando o rio Lima ao longo de todo o percurso, e com troços acessíveis a bicicletas de montanha, a Ecovia atravessa comunidades rurais, vinhas e zonas naturais protegidas. Um ponto de entrada fácil – e belíssimo – a partir de Ponte de Lima é a Praia Fluvial da Gemieira, uma praia de areia com algumas infraestruturas de apoio e uma floresta autóctone.