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Pouco depois das dez da manhã, quando abrem as portas da Óbidos Vila Natal, já se forma uma fila para o Gabinete do Pai Natal, uma das principais atrações do parque temático dentro do castelo de Óbidos, a funcionar até 4 de janeiro. À porta, um elfo encaminha-nos para uma sala de espera. “O Pai Natal ainda está ocupado”, avisa a criatura verde.
Minutos depois, é a vez de Duarte entrar com a família no gabinete para uma conversa rápida com direito a fotografias e perguntas sobre a escola. Logo a seguir, entra outra família vinda de propósito de Espanha para a ocasião e com uma carta com pedidos. “Son muchas cosas”, improvisa o Pai Natal, perante a longa lista de presentes.
Na verdade, e sem que os miúdos desconfiem, são dois Pais Natais a ocupar dois gabinetes, de forma a conseguirem atender os milhares de visitantes do castelo. Deixam crescer a barba ainda no Verão para estarem preparados para vestir o fato vermelho nesta altura do ano, a mais concorrida em Óbidos.
Em março, durante o Festival Internacional de Chocolate, outro dos grandes eventos da vila, que se repete todos os anos, o castelo recebeu mais de 100 mil visitantes. Ainda assim, nada que se compare com a loucura da Vila Natal, onde os agora bilhetes se compram por turnos para diminuir as filas (10 euros adultos, 8 euros crianças) e onde se contaram 50 mil visitantes só no primeiro fim-de-semana.
Além do gabinete do Pai Natal, o parque temático tem uma rampa de gelo para deslizar com boias, uma pista de patinagem, um laboratório para fazer neve, uma oficina de brinquedos e bancas como as de ginjinha e chocolate quente, o suficiente para entreter miúdos e graúdos durante horas.
Das janelas da Pousada de Óbidos, também no castelo, tem-se a melhor vista para a Vila Natal, embora “aqui os clientes prefiram o sossego”, sublinha Catarina Fernandes, uma das responsáveis. A pousada, a primeira num monumento histórico a abrir portas no país, em 1951, fica dentro do castelo conquistado por D. Afonso Henriques em 1148 e promete uma viagem no tempo.
Nada de luxos, sobretudo no polo mais antigo, onde a decoração, com armaduras, quadros e antiguidades, se mantém desde a inauguração. Faz parte do encanto. Aliás, chega a haver lista de espera para dormir na suíte Dom Dinis, o quarto situado numa das torres de menagem, acessível por uma escadaria íngreme.
Popular entre casais é também o restaurante da pousada, com pratos típicos como o Bacalhau à El-Rei Dom Dinis (32 euros), servido dentro de um tomate, ou o frango na púcara (23 euros), uma receita de Alcobaça dos anos 60.
Por falar em lugares históricos da vila, é obrigatório passar pelo Bar Ibn Errik Rex, na Rua Direita, o primeiro sítio a servir ginjinha em Óbidos. Inaugurado em 1956, funcionou durante anos como antiquário e a ginjinha era “uma oferta para os clientes”. “Depois verificámos que o pessoal vinha mais para beber ginja do que pelas antiguidades, então lentamente transformou-se num bar”, conta Bruno Nobre, um dos donos, ao lado do pai, António Tavares Nobre.
A ginjinha, a 3,5 euros o cálice, e acompanhada por linguiça assada ou queijo, continua a ser produção própria, mas é engarrafada pela Frutóbidos, empresa local que também produz a ginja Vila das Rainhas. A decoração mantém relíquias de outros tempos como um Porto de 1836, cartas de Juscelino Kubitschek, presidente do Brasil nos anos 50, ou azulejos do século XVII.
Em dias de muita confusão na vila, há quem prefira petiscar pelo caminho e não perder tempo à espera de mesa nos muitos restaurantes turísticos de Óbidos. É nestas alturas que o pão com chouriço da Capinha d’Óbidos (3 euros), padaria local da Rua Direita, se vende como pãezinhos quentes. As fornadas, feitas em forno de lenha à frente dos clientes, sucedem-se ao longo do dia para que o pão esteja sempre quente.
Do mesmo forno saem também as capinhas que dão nome à casa, um bolo com especiarias amassado à mão, receita da família de Anabela Capinha há mais de 140 anos, que costumava ser servido nos casamentos para dar sorte e se come bem com manteiga, compotas e queijo.
Mais escondida, num rés-do-chão do Espaço Ó, na Rua da Porta da Vila, está a pizzaria À Janela, a servir pizzas aos almoços a partir de uma janela desde 2022. Aqui, há menos pressa: no forno só cabe uma pizza de cada vez, mas a espera é compensada pelas pizzas de fermentação lenta, ideia de Filipa Pontinha. Depois de viver em Bali, Filipa mudou-se para Óbidos e percebeu que na vila faltava “mais que o bacalhau à lagareiro e coisas típicas”, diz.
A pizzaria numa “micro cozinha” foi quase uma experiência, mas acabou por “crescer rápido” e preencher essa lacuna. No menu, com pizzas como a de gorgonzola, alho francês e pistáchio ou chouriço picante e mel (12 euros), explica-se que o forno é pequeno e que não são fast food, incentivando os clientes a partilhar a mesa da esplanada com desconhecidos. “Vem com calma, aproveita para respirar”, lê-se.
A espera talvez seja melhor com um livro na mão e em Óbidos não faltam livrarias ou não fosse esta uma Vila Literária, classificada em 2015 pela UNESCO como Cidade Criativa da Literatura em Portugal.
Para novidades e prendas de Natal, a Livraria de Santiago, dentro da Igreja de São Tiago, junto às muralhas do castelo, é a melhor opção. Já a Livraria do Mercado, num antigo quartel de bombeiros, especializa-se em livros usados em várias línguas e edições de autor. O espaço é partilhado com o mercado biológico de Óbidos, com produtos de produtores locais, como pão, legumes, ginjinha e vinho.
Comida e livros também se misturam no Literary Man Hotel, o hotel de 23 quartos na Rua Dom João de Ornelas, num antigo convento do século XIX, que junta um acervo de perto de 100 mil livros.
Os livros e as referências literárias estão por toda a parte, até no menu do restaurante, o Book & Cook, com pratos com nomes de obras conhecidas. Por exemplo, Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett (12 euros), uma entrada de bolinhas de alheira e chouriço com maionese de alho, ou A Balada do Mar Salgado (22 euros), onde surge pela primeira vez Corto Maltese, um prato com polvo fumado em pau de loureiro, húmus de paprika e batata assada com alho negro e molho verde.
Para sobremesa, guarde-se para as muitas ginjinhas que se vendem pelas ruas de Óbidos. A mais popular entre turistas, a da Mariquinhas, tem kits preparados para levar no avião, com direito a copos de chocolate. Também se bebem na rua, com chocolate branco ou de leite, a 1.5 euros cada.
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