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Ilhas Berlengas

O que ver, comer e fazer nas Ilhas Berlengas

Ilhas Berlengas: um paraíso selvagem a poucos minutos de Peniche

04/08/2025

Texto: João da Ponte

Fotografia: Ana Brígida

Para a maioria que nunca visitou o arquipélago é visto como “aquele conjunto de rochas ao largo de Peniche”. Mas esta ideia não podia estar mais longe da verdade. Saiba como chegar, onde ficar e o que comer.

Num daqueles passeios domingueiros em Peniche, quando os forasteiros visitam a cidade como se fosse uma localidade exótica (e após encherem a barriga de bom peixe, quais conquistadores dos melhores prazeres da vida), um dos momentos de maior impacto é quando, à beira de uma qualquer falésia e de olhos postos no Atlântico, alguém exclama, sabido e cheio de peito: "As Berlengas parecem estar perto, mas a verdade é que estão longe".

O farol do Duque de Bragança, mandado construir pelo Marquês de Pombal, encima a Berlenga Grande e marca-lhe o perfil, mesmo à distância
O farol do Duque de Bragança, mandado construir pelo Marquês de Pombal, encima a Berlenga Grande e marca-lhe o perfil, mesmo à distância

A probabilidade de que a pessoa em causa seja conhecedora do arquipélago "de facto" — ou seja, que tenha lá metido os pés alguma vez — é muito reduzida, mas a afirmação é demasiado tentadora para ficar muda.

Esta atitude explica-se com facilidade: as Berlengas são fascinantes. Também o rei D. Afonso V assim pensou, imagine-se, quando em meados do século XV decidiu ali instaurar uma zona protegida, proibindo a caça na ilha principal — apropriadamente batizada como Berlenga Grande.

Por lá passaram dos fenícios aos vikings. E até Artur Semedo foi “O rei das Berlengas” no cinema, em 1978, ali declarando independência face a Portugal e ao mundo. E a frase acima destacada está certa: as Berlengas parecem estar mesmo ali, mas nem por isso.

Entre esplanadas, passeios e mergulhos, nas Berlengas vai conseguir assegurar as atividades favoritas de qualquer veraneante que se preze
Entre esplanadas, passeios e mergulhos, nas Berlengas vai conseguir assegurar as atividades favoritas de qualquer veraneante que se preze

É uma espécie de paisagem lunar à distância de uma viagem de barco. É selvagem, mas tem um pequeno aglomerado de casas. É abrigo de pescadores, encimado por um farol que nos rouba a atenção do olhar durante a noite que é muito mais escura (e, ao mesmo tempo, estrelada) na ilha — e, por isso, mais intrigante.

A UNESCO declarou a região como Reserva da Biosfera. O habitante principal é o barulho do mar, como se o Adamastor fosse real. E qualquer olhar marítimo termina com a questão auto-imposta: "Quando é que volto para o outro lado"?

Como chegar às Berlengas?

Quando vamos para as Berlengas, a questão do regresso não se coloca. É natural, voltar faz parte, é um não-assunto porque é uma absoluta certeza. Mas a maravilha deste arquipélago é que as certezas podem mudar como as marés. Esclareça-se que o necessário caminho marítimo não é, de facto, longo.

No interior do Cabo Avelar Pessoa, o navio que assegura a ligação frequente entre Peniche e as Berlengas
No interior do Cabo Avelar Pessoa, o navio que assegura a ligação frequente entre Peniche e as Berlengas. Em dias de mar agitado, é provável que tenha de encontrar transporte alternativo

No mínimo, 25 minutos. No máximo, 45 minutos. Tudo depende do barco em questão — se o maior e mais clássico Cabo Avelar Pessoa, se um barco mais pequeno, através de um dos muitos operadores disponíveis no porto de Peniche. Ao mesmo tempo, tudo depende do estado do mar: a viagem de ida e o resto.

O que ver e fazer nas Berlengas?

Na Berlenga Grande — a ilha mais visitada é aquela que de facto tem estrutura mínima (mesmo mínima) para receber pessoas, além das Estelas e dos Farilhões — há praia, que o mar engole ou torna pouco convidativa consoante a disposição.

Há o forte de São João Batista, gerido pela Associação de Amigos das Berlengas, onde se pode pernoitar (é preciso levar tudo, incluindo roupa para a cama), mas atente que terá de conviver noturnamente com o barulho do mar contra uma edificação instalada em cima das ondas (se o dito estiver mal disposto, enfim, nada a fazer).

O forte de São João Batista, a edificação mais fotografada da Berlenga Grande, onde pode encontrar a Associação dos Amigos das Berlengas e onde também pode passar a noite
O forte de São João Batista, a edificação mais fotografada da Berlenga Grande, onde pode encontrar a Associação dos Amigos das Berlengas e onde também pode passar a noite

E na manhã seguinte, se o plano for a volta a Peniche, o barco maior pode não conseguir fazer a viagem. O oceano pode estar do contra e aí terá de contactar outros serviços.

Onde ficar nas Berlengas?

Na estadia, tem outras duas soluções: ou o parque de campismo, instalado nuns socalcos que parecem prestar vassalagem ao natural brutalismo da ilha, ou na Mesa da Ilha, o estabelecimento para comensais que faz dupla com a Berlenga Bed & Breakfast, nome em estrangeiro para pensão.

O que comer nas Berlengas?

É precisamente isso, um restaurante, e é o único que pelo grande rochedo se vê, pelo menos se dermos prioridade ao funcionamento normal deste tipo de espaços. Está aberto entre maio e setembro e se é para ir, pois então é para comer a caldeirada, não é preciso fazer mais contas de cabeça. Mas vai ter que encomendar a dita, caso contrário, ao chegar terá de contentar-se com o peixe e o marisco do dia, em muitos casos servido a peso.

Susana Rocha e Filipe Cardoso, os responsáveis pela Mesa da Ilha, o restaurante da Berlenga onde pode sempre contar com peixe do dia
Susana Rocha e Filipe Cardoso, os responsáveis pela Mesa da Ilha, o restaurante da Berlenga onde pode sempre contar com peixe do dia — desta vez, a sorte ditou um pargo grelhado

Para uma refeição rápida, conte com as sandes, das saladas ou as bowls do Castelinho Bar, nome que deriva das muralhinhas (também assim, em diminutivo) que rodeiam o espaço.

E façamos a devida referência: o Forte de São João Batista tem uma espécie de cantina comunitária que por vezes é um tasco, mas depende do dia, já que a oferta não é constante e mesmo quando existe é muito limitada — e para entrar no Forte tem de pagar 1 euro, guarde esta informação.

Dicas para quem vai visitar as Berlengas

Tanto para comer como para dormir, se for este o objetivo, há duas coisas que é preciso ter em conta e nunca esquecer: leve dinheiro, aquele dos velhos tempos, real, concreto, que ocupa espaço e faz barulho.

E reserve. Ligue com antecedência, faça marcações, que o espaço é curto em todo o lado e por vezes a procura é larga. Saiba que há um limite de pessoas que podem estar na Berlenga Grande em simultâneo, fixado legalmente em 550.

Gambas Al Ajillo, uma das entradas da Mesa da Ilha, onde além do peixe também há sempre marisco, de acordo com aquilo que o mar tem para oferecer a cada dia
Gambas Al Ajillo, uma das entradas da Mesa da Ilha, onde além do peixe também há sempre marisco, de acordo com aquilo que o mar tem para oferecer a cada dia

E não é possível acampar para lá dos cinco dias consecutivos — e dos 10 em modo interpolado. Além disso, uma tenda de duas pessoas tem de pagar uma taxa de 20,60€ por noite, além da taxa de 3 euros por dia para cada visitante (recordamos: é biosfera protegida e os custos de manutenção são generosos).

Nos entretantos, e já que está na Berlenga Grande, pode banhar-se, se a meteorologia assim o permitir e o mar o convidar, mas faça atenção, que esta selva oceânica não é para brincar (e há uns quantos degraus esculpidos na pedra que podem ser traiçoeiros).

Para mergulhos estivais, vá pela Praia do Carreiro do Mosteiro, fotografe e cause inveja a quem não imagina que há um paraíso destes escondido num rochedo desta dimensão — mas se for à Praia do Forte ou à Praia do Sonho, também não se vai arrepender.

Se for de caminhadas, siga pelos trilhos. Duas dicas: o percurso da Ilha velha, que é coisa para uma distância pouco superior a 1 km, ou o Percurso da Berlenga, mais longo, de 3,3 quilómetros e com passagem pelo planalto onde está instalado o farol, de nome Duque de Bragança, mandado construir pelo Marquês de Pombal. É visitável, naturalmente, por isso inclua na lista.

Entre as caminhadas disponíveis, se fizer o percurso da Berlenga, o mais longo, de 3,3 quilómetros, vai passar pelo planalto onde está instalado o farol
Entre as caminhadas disponíveis, se fizer o percurso da Berlenga, o mais longo, de 3,3 quilómetros, vai passar pelo planalto onde está instalado o farol (que também pode visitar)

Claro, depois tem à sua disposição as atividades aquáticas do costume, dos passeios de barco ao snorkeling. O melhor a fazer é informar-se e reservar em Peniche, antes do embarque. Ou então, e como diz a sabedoria popular, dedique-se à pesca. É uma das atividades mais desenvolvidas neste local a meio do mar plantado.

Aliás: pode pescar e descobrir a comunidade de pescadores que vai ocupando a Berlenga ao longo do ano. É gente cheia de histórias, repleta de anos de currículo ali construído. Têm a experiência na pele. Não estão ali por gozo, estão ali por necessidade, é um objectivo, é para fazerem aquela viagem que esperam no resto do ano.

Tem à sua disposição as atividades aquáticas do costume, dos passeios de barco ao snorkeling
Tem à sua disposição as atividades aquáticas do costume, dos passeios de barco ao snorkeling. O melhor a fazer é informar-se e reservar em Peniche, antes do embarque

Voltemos ao início. O arquipélago das Berlengas não está assim tão longe. Fica a 5,7 milhas náuticas de Peniche, pouco mais do que 10km. Mas o dia a dia é tão à parte daquilo a que está habituado que, ao regressar e ao avistar as ilhas a partir de uma qualquer falésia penicheira, não se admire se der por si a exclamar: “As Berlengas parecem estar perto, mas a verdade é que estão longe”.