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Um presídio fantasma, fábricas, uma antiga colónia balnear e uma comunidade piscatória ativa. A Trafaria está a uns minutos de Lisboa de ferry, vê-se de Belém, mas chegar de barco em passeio é como amarar num cenário mentalmente muito distante da capital.
Mantém-se como vila piscatória do Tejo, com uma pequena praia de areia virada para o rio e dezenas de barcos estacionados na água e, lá para dentro, nas ruas a direito, há dezenas de restaurantes que carregam a ligação ao mar com peixes grelhados e fritos com açordas ou arroz de tomate.
É este ambiente de vila piscatória à beira Tejo que o Trafaria na Brasa quer celebrar. No fim de semana de 2 e 3 de Agosto, o evento com entrada livre organiza passeios de barco e monta uma mesa corrida de 50 metros na zona ribeirinha, com pratos dos restaurantes locais e vista para os barcos de pesca.
O evento, organizado pela promotora O.d.e_Studio em conjunto com a Câmara de Almada e a Junta de Freguesia da Caparica e Trafaria, é um roteiro pelas casas de pasto da zona numa versão concentrada e vale a pena guardar estes nomes para o próximo jantar depois de um dia de praia na Costa de Caparica ou na Cova do Vapor.
Na mesa coberta de tolhas de vinil há lugar para cerca de 70 pessoas, mas uma tacinha de sopa de peixe come-se bem de pé e até aquece a mão se há vento ao pôr do sol. A Taberna, que tem portas abertas viradas para o Tejo e Lisboa, traz a sua celebrada sopa de peixe a este fim de semana — rica, com massa cotovelo, bons nacos de peixe, amêijoas na concha e coentros facultativos — além de uns carapaus alimados para petiscar.
Ao lado destes restaurantes montam-se as bancas temporárias onde encontramos os restantes: a Taberna do Zé da Lídia é uma das casas da Trafaria onde é obrigatório chegar cedo ou reservar.
Está sempre cheio, pode tornar-se difícil provar o seu ensopado de raia. Neste fim de semana, porém, não haverá chatices quanto a isso, porque vão estar a vender este prato e o seu creme de peixe na marginal. Mesmo a abrir o apetite para voltar mais tarde aos carapauzinhos fritos com açorda ou ao bacalhau com broa, dois ex-líbris deste restaurante.
Na banca do lado, mais um clássico local de fim de tarde na Cova do Vapor. O Café Pica Mar fica no interior da malha urbana da Caparica, a vinte minutos a pé da praia, muito a jeito de se fazer a caminhada salgada de chapéu de sol às costas, a via sacra que não mata mais mói e que é recompensada com uma imperial e percebes. No Trafaria na Brasa levam espetadas de camarão e filetes de cavala para a marginal.
Para tornar a refeição mais redonda, a Associação das Marchas da Trafaria assa sardinhas e serve camarão cozido neste fim-de-semana à beira-rio e para fechar o menu, a pastelaria MelTejo também está presente com a sua criação de homenagem à história de Almada, o Al-madan.
O pasteleiro João Paulo Ribeiro criou este pastel folhado para lembrar que Almada foi “mina de ouro” (al madan) para os árabes, exploradores das preciosidades das areias do Tejo. O retângulo de massa folhada é uma espécie de lingote de ouro e lá dentro João Paulo pôs recheios à vontade do freguês — literalmente, aqueles que os clientes pediam: chila, noz e canela, maçã, chocolate e até um mais tropical chocolate com banana. Realmente um lugar de abundância.
Na Avenida General Moutinho, a marginal da praia da Trafaria, um estendal de lençóis emula a roupa estendida nestas janelas baixas, compõe o cenário do evento e carrega no ambiente de pequena vila tradicional. No entanto, Joana Bernardes e Maria Oliveira, curadoras e organizadoras do evento, quiseram desde o início dar ao Trafaria na Brasa um traço contemporâneo.
Juntaram à seleção de restaurantes locais ostras (pela Myra Ostraria), mariscos e peixes à Brás (da Wonderbraz), sandes de brioche com cavala, sardinha e camarão (da Bun6), além de sopa de amêijoas, ceviches e hotdog de polvo pelos chefs Guilherme Gaspar, Daniel Sanchez e Matheus Santos.
A este arraial de peixe e marisco com palco para música nas duas noites, junta-se ainda a possibilidade de correr a costa da Trafaria de barco, dobrar a ponta que distingue o rio do mar e dar até um mergulho na Cova do Vapor. A Oceanscape terá passeios pelo Tejo neste dia por 15 euros por pessoa.
O barco de pesca renovado para estes veraneios chama-se Noa, à maneira antiga de dar nomes de mulheres de família às embarcações de pesca. É o nome da filha de Inês Schlingensiepen, lisboeta com antepassados algarvios ligados à pesca.
Talvez por isso tem especial gosto em contar todas as histórias das pequenas comunidades piscatórias que resistem nesta zona do Tejo. Como skipper vai fazendo a visita guiada pelo antigo presídio, a ruína que fazia parte da defesa de Lisboa, mesmo em frente à torre de Belém, ou pelo asilo onde, no século XVI, os estrangeiros tinham de fazer quarentena entes de entrar em Lisboa para evitar doenças na cidade.
As fábricas de conservas abandonadas e as que ainda trabalham dão uma patine industrial à margem sul: passamos, por exemplo, por baixo de uns braços metálicos da fábrica da Fula e chegamos tão perto dos cargueiros que lhes espreitamos para dentro.
Os braços metálicos do porto da Trafaria, onde chega peixe pescado à linha e alguma (pouca) amêijoa que já foi o ícone deste porto, fazem parte deste charme e, em contra-luz para o pôr-do-sol são um postal inusitado, único. Um postal com vento, há que levar um casaquinho.
Trafaria na Brasa. Avenida General Moutinho, Trafaria. 2 e 3 de Agosto, das 18h às 00h00. Entrada livre.
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