
Desculpe, não há resultados para a sua pesquisa. Tente novamente!
Adicionar evento ao calendário
Ganhou o título de vila de reis e de pescadores, mas a verdade é que não vemos nem uns nem outros. Nos pontões, ao final do dia, ainda há quem pesque à linha e há notícias de que o rei Juan Carlos, de Espanha, pode voltar para uma mansão acabada de construir em breve.
Mas Cascais é outro cenário. E já não é a vila pequena onde toda a gente se conhece: está aberta ao mundo e é um ótimo destino de praia e peixe a menos de uma hora de Lisboa.
De comboio, a viagem é cénica e tranquila e para todo o lado se pode ir a pé, aproveitando o charme que a vila vai mantendo. Com arte, livrarias, museus, lojas e praia, Cascais dá para estadias prolongadas ou vários passeios de um dia. Este é o roteiro das capelinhas de Cascais por onde o bom viajante deve passar.
Depois de uma vida a abastecer de peixe e frescos a vila de Cascais, aconteceu a este mercado tradicional o mesmo que a tantos outros: entraram os restaurantes portas dentro. No edifício dos anos 1950 estão agora poucas bancas a tempo inteiro — mantém-se, por exemplo, a dos frutos secos que nunca abandonou o seu posto — e há feira de produtores ao fim de semana e à quarta-feira.
Em contrapartida, a agitação foi restaurada com espaços como o Marisco na Praça, onde os camarões, sapateiras e amêijoas repousam numa bancada de gelo, ou a loja de chocolates Diogo Vaz, uma marca “bean to bar” (produz tabletes em com atenção às características do fruto do cacaueiro) produzida em São Tomé e Príncipe.
Seria triste sair daqui sem provar os doces cascalenses no Cantinho da Luísa, um dos cafés do mercado. As nozes de ovo e as areias têm as suas raízes nesta vila e, seguindo as medidas ao estilo finger food, mal não fazem.
Mercado da Vila. R. Padre Moisés da Silva 1, Cascais
Usando a observação de postais e fotografias antigas, da primeira metade do século XX, investigadores da Universidade de Lisboa perceberam que a praia da Duquesa rodou sobre si mesma nas últimas décadas. Estes cientistas da Faculdade de Ciências que estudam a erosão da costa afirmam que a construção da marina mudou a acumulação de areia e redefiniu a linha do areal.
Ainda há muito onde pôr a toalha, no entanto, e nós, que somos dados a observações mais prosaicas, notámos que do areal desapareceram também as tendas e barraquinhas que faziam sombra em boa parte do areal e os fatos de banho completos que não davam hipótese às linhas do biquini.
A praia da Duquesa está mais ou menos no meio da linha de costa da vila de Cascais, que se estende da praia da Baía, junto à Cidadela, à praia da Moita, que termina num cénico pontão, com vista sobre toda a vila.
Nestes poucos quilómetros há de tudo — o areal maior da praia da Ribeira de Cascais ou o mais recatado da praia em frente ao Hotel Albatroz e, claro, as piscinas oceânicas Alberto Romano, para quem não se importa de estender a toalha na pedra.
A Alameda dos Combatentes da Grande Guerra já foi a grande rua do comércio tradicional de Cascais, mas hoje é apetecível às grandes cadeias. Por isso, este peixe nada entre tubarões: o Luzmar nasceu em 1987 depois de Manuel Cerqueira, um dos fundadores, ter feito uma viagem por Espanha e se ter encantado com as cervejarias.
Manuel juntou-se a Francisco, outro profissional da restauração cascalense, e juntos abriram uma casa com balcão, “tudo preto e vermelho, parecia uma casa de tourada”, recorda Jorge Cerqueira, filho do fundador.
Depois de um “refresh visual” recente, como diz Jorge, que se mantém ao leme da casa, a cozinha está exatamente igual: os mesmos peixes grelhados arranjados à frente do cliente (a garoupa, a solha, o pregado), os mariscos ao natural e uma ou outra carne para os esquisitos do peixe.
Só é novidade um prato: a paella, o “prato da pandemia”, que um cliente habitual desafiou o Luzmar a fazer durante o confinamento e a entregar-lhe em casa. Mantém-se na carta e até parece uma ideia daquela viagem a Espanha que desencadeou tudo.
Luzmar. Alameda Combatentes da Grande Guerra, 104, Cascais. Telefone: 214 845 704. Das 12 às 00h, fecha à segunda-feira (e ao domingo encerra às 16h)
Num entorno de arquitetura tradicional e antiga, Eduardo Souto de Moura ousou criar um ícone moderno para Cascais e, já agora, para a arquitetura portuguesa contemporânea. Fê-lo usando referências intemporais, como as torres, os silos ou as chaminés.
Os dois grandes corpos que se erguem na Casa das Histórias Paula Rego fazem lembrar as cozinhas que se transformam em chaminés mastodônticas no Palácio de Sintra, não muito longe daqui, ou no Mosteiro de Alcobaça.
Foi Paula Rego quem escolheu Souto de Moura para desenhar o museu onde guardaria um número significativo de obras suas e do marido, Victor Willing. É ainda um espaço para descobrir outros artistas com a mesma força narrativa de Paula Rego em exposições temporárias ou simplesmente para tomar um café no jardim e deixar-se espantar por este edifício vermelho.
Casa das Histórias Paula Rego. Av. da República, 300, Cascais, Portugal. Telefone: 214 826 970. Das 10h às 18h, fecha à segunda-feira.
A marca Santini e os seus gelados de fruta verdadeira, com sabores bem pronunciados, são os mais queridos da vila de Cascais. Há-de ter qualquer coisa a ver com a antiguidade: nascidos em 1949 na praia do Tamariz, os gelados seguem as receitas de Attilio Santini, o terceiro de uma família de geladeiros italianos.
Em Lisboa chegou a trabalhar numa fábrica de bolachas, waffers e cones de gelado e terá desenvolvido então a receita exclusiva que ainda se trinca na Santini.
Na cozinha, fazia os gelados mas, na praia do Tamariz, era o conversador vendedor de gelados que, com simplicidade, fez amizade com ministros, aristocratas exilados e, claro, crianças.
A marca está hoje por Lisboa e até por alguns centros comerciais em outras cidades, mas Cascais continua a ser o berço orgulhoso, com a loja mais antiga, inaugurada em 1971.
Santini. Alameda Combatentes da Grande Guerra 100, Cascais. Aberto todos os dias, das 11h às 00h. Telefone: 210 966 779
Fez parte do plano de defesa do Tejo, no século XVI, e tornou-se mais tarde residência de férias da família real portuguesa. No século XXI ainda se passam na Cidadela de Cascais umas agradáveis férias com vista para o mar, porque está aqui instalado um hotel Pestana. Não nos deixemos intimidar pela imponência da história e a presença de hóspedes, no entanto. No Cidadela de Cascais Art District há lojas, galerias e livrarias.
Depois de entrar por este forte, as intenções de defesa transformam-se em arte — não há canhões, há esculturas espalhadas pela parada central. À volta está o This Must Be The Place, o estúdio e galeria de pintura e serigrafia de Catarina Carreiras, a livraria Déjà Lu, de livros usados mas seleção bem atual, ou a Indie, esta cheia de gadgets relacionados com a leitura. Talvez ainda se cruze com o autor das esculturas da Cidadela, Rogério Timóteo, que tem uma galeria e estúdio numa destas lojas.
Cidadela de Cascais. Av. Dom Carlos I 246, Cascais; Das 10h às 13h e das 14h às 18h; Fecha à segunda-feira.
O edifício com vista para a Baía de Cascais tem duas torres sineiras e um relógio e daí saiu o nome para este espaço comercial de marcas portuguesas. O Relógio — Slow Retail é um projeto de Catarina Lopes, que já tinha experimentado este modelo em Lisboa, na Embaixada (Príncipe Real): num edifício histórico com salas comunicantes, instalam-se marcas de produtos feitos em Portugal.
Há dezenas de caminhos possíveis para fazer dentro d’O Relógio — Slow Retail e várias lojas por onde entrar, com porta aberta para a rua. Uma delas é a Benedita Formosinho, a marca da designer de Setúbal com peças minimalistas e cores neutras, que aposta nos tecidos naturais e no fabrico do seu próprio fio através da reciclagem de desperdícios.
Mais à frente, está a mesa da Origem, marca de óculos de sol leves, feitos em bamboo, e no canto da Saints and the Sea há peças de roupa inspiradas em dias de praia e têxteis e decoração de interiores. Se a fome aparecer, há o balcão da Aloma com os seus pastéis de nata.
O Relógio — Slow Retail. Praça 5 de Outubro, 75. Todos os dias, das 11h às 19h30.
De todas as coisas que podiam unir Cascais e Rio de Janeiro — o calçadão e a marginal ou as praias urbanas — a primeira foi um restaurante. Ainda por cima, italiano. A responsabilidade é de Nelson Soares, chef do Sult (Recomendado Guia Repsol 2025).
A cozinha pode ser fechada, mas o empratamento terminado à frente do cliente, numa grande mesa comunitária, não engana: esta raíz é inequivocamente italiana, com as suas massas e risotos. O produto e alguma inspiração é, no entanto, local.
Se no Rio de Janeiro se serve risoto de tucupi (sumo da raiz de mandioca) com filetes de pirarucu (peixe de rio), em Cascais olha-se para o porco para fazer um ragu de bochechas com pappardelle ou para o polvo, servido com um risoto de nduja, ligeiramente picante, e servem-se peixes locais, como pampo ou a garoupa.
Os pratos querem-se simples, mas intensos de sabor e isto puxa pela garrafeira, repleta de vinhos portugueses (alguns pequenos produtores mais raros) e muita garrafa italiana para explorar.
Sult. R. das Flores 10A, Cascais. Telefone: 211 307 006. De segunda a sexta, das 19h às 23h; Sábado e domingo, das 12h às 23h
A estrada que nos conduz de Lisboa a Cascais e, mais à frente, ao Guincho é uma atração turística em si. O mar está sempre à esquerda (quando se vê) e, mesmo com neblina, as dunas e o pinhal são beleza que baste.
Há gerações que os cascalenses dão uma fugida ao Guincho para passar o dia, para mudar de ares sem mudar de ambiente – até porque vão todos para lá. Há umas décadas era moda ir à piscina da Estalagem Muchaxo, que ainda lá está, muito kitsch e parada no tempo.
Agora, além dos passeios pelas dunas e dos mergulhos quando o mar não está batido, o Guincho é um dos melhores destinos para comer bem a menos de uma hora de Lisboa — especialmente se o assunto for peixe.
Nas Furnas do Guincho (Recomendado do Guia Repsol 2025) a esplanada está plantada na falésia, tudo é bonito e não se escapa ao mar. Estaremos num filme francês de nouvelle vague, blasé e cheio estilo? Não, porque aqui come-se como deve ser — especialmente os peixes ao sal despinhados junto ao cliente. Este é um restaurante de peixe e marisco à antiga.
A alguns quilómetros, está uma nova ideia de restaurante de peixe à beira mar. No Maré (1 sol Guia Repsol 2025), o chef José Avillez quis repensar as ideias feitas sobre como se serve o peixe, sempre com o receituário tradicional por perto.
A confeção dos peixes não é exagerada (ao contrário do acontece normalmente nas grelhas e caldeiradas deste país) e aparecem alguns produtos inesperados, como os fígados de bacalhau numa entrada, ou um cone de massa frito para acolher um tártaro de atum ou corvina.
“Trouxemos novas técnicas ao Guincho, como a grelha japonesa, em que o peixe é equilibrado com espetos de metal para não ter contacto direto com o carvão”, explica Filipe Pina, o chef residente do Maré. Apesar da inovação numa zona tradicional, o Maré vingou como restaurante familiar, com clientes habituais, gente que se abeira da montra de peixe (sim, aqui também há disto!) e pergunta diretamente para a cozinha aberta “chef, o que é que temos hoje?”.
Às vezes basta olhar para o mar, a escassos metros, para responder à pergunta. Alguns dos mariscos apanham-se junto a estas rochas — as bruxinhas ou os percebes, por exemplo. “Tentamos ao máximo que o nosso produto venha desta linha de costa”, diz Filipe Pina, que além dos arrozes caldosos de carabineiro ou gambas e da famosa lula com molho do Maré, também serve os mariscos ao natural.
Se a vista para o mar do Guincho e este dia pela vila de Cascais não for um luxo suficiente, há sempre um último destino inevitável: a Fortaleza do Guincho. Numa fortaleza do século XVIII fica um hotel cinco estrelas e o restaurante com o mesmo nome e a direção de Gil Fernandes, detentor de 1 Sol Guia Repsol 2025.
Com menus de degustação fortemente influenciados pelo mar, só a entrada no chão alcatifado já transporta para o luxo de outros tempos. Na sala ao lado, petiscam-se pratos mais leves no Spot, um bar para refeições lligeiras a ver o mar. É o final que condiz com um dia numa vila de reis.
Furnas do Guincho. Estrada do Guincho, 2750-642. Todos os dias, das 12h30 às 00h. Telefone: 214 869 243.
Maré. Av. Nossa Senhora do Cabo, 9000. Todos os dias, das 12h30 às 22h30. Telefone: 916 001 527.
Fortaleza do Guincho. Est. do Guincho, 2413, 2750, Cascais. Quarta-feira a Sábado, 19h00 às 21h30.
Em geral… como classificaria o site do Guia Repsol?
Dê-nos a sua opinião para que possamos oferecer-lhe uma melhor experiência
Agradecemos a sua ajuda!
Teremos em conta a sua opinião para fazer do Guia Repsol um espaço que mereça um brinde. Saúde!